INOVAÇÃO | 16.07.2024
A queda do financiamento insurtech na América Latina atinge mínimos históricos, alcançando 26 milhões de dólares no primeiro semestre de 2024
Comparado ao mesmo período de 2023, o investimento diminuiu em 78%. Considerando o período compreendido entre julho de 2023 e junho de 2024, ambos incluídos, o montante total é de 43 milhões de dólares, o valor mais baixo da história.
O número de startups na região ascende para 498, refletindo um crescimento anual de 6%. A taxa de mortalidade foi de 10% e o crescimento orgânico é de 16%, ou seja, surgiram ou pivotaram 77 startups insurtech nos últimos 12 meses.
A expansão internacional cresce 11%, atingindo um índice de internacionalização de 13,4%. Peru, Equador, Colômbia e México são os países da América Latina que atraem mais empresas insurtech estrangeiras. O índice de atração é de 24%.
53% do ecossistema insurtech é voltado para a distribuição digital, enquanto 47% é habilitador e colabora com (re) seguradoras e intermediários.
O financiamento insurtech na América Latina durante o primeiro semestre de 2024 chegou a 26 milhões de dólares, uma redução de 78% em relação aos seis primeiros meses de 2023. Ao analisar o período compreendido entre julho de 2023 e junho de 2024, ambos incluídos, o valor total atinge 43 milhões de dólares, o dado mais baixo da história.
Apesar deste contexto de seca de investimentos de venture capital ou de capital risco, o número total de startups do ecossistema insurtech na região chega a 498, o que representa um crescimento de 6%. Dado que a taxa de mortalidade foi de 10%, o crescimento orgânico alcançou +16% nos últimos 12 meses, com 77 novas insurtech.
Estas são algumas das principais conclusões do relatório “Latam Insurtech Journey”, elaborado por Digital Insurance LATAM com o patrocínio da MAPFRE. Esta é a oitava edição deste documento que analisa o estado da indústria insurtech na América Latina.
Figura 1: Crescimento do setor insurtech considerando a mortalidade. Fonte: Latam Insurtech Journey.
O ecossistema cresce, apesar da seca de investimentos
Se desagregarmos o total de startups existentes na região, Brasil (203), Chile (72) e Colômbia (67) são os territórios com o maior número de agentes e a zona do Pacífico é a de maior crescimento percentual, com destaque para América Central (69%), Equador (35%), Colômbia (24%) e Peru (23%).
Durante o primeiro semestre de 2024, a expansão internacional aumentou 11% com um índice de internacionalização total de 13,4%. Neste contexto, as startups insurtech multilatinas representam 13%, ou seja, aquelas que atuam em mais de um país. Peru (42%) e Chile (30%) são os principais impulsionadores do aumento no índice de expansão dada a sua necessidade de escalar os negócios; o Brasil, em contrapartida, exporta muito poucas insurtechs (<1%) devido à natureza de seu próprio mercado
O índice de atração de empresas estrangeiras é de 24,2%, aumentando 3,3 pontos em relação ao início do ano, quando estava em 20,9%. Se analisarmos o intervalo compreendido entre julho de 2023 e junho de 2024, incluindo ambos os meses, observamos um crescimento de 35% (18,1% contra 24,2%): em média, uma em cada quatro startups insurtech em um mesmo mercado é estrangeira.
Peru (63%), Equador (48%), Colômbia (43%) e México (31%) são os países da América Latina que atraem mais empresas insurtech estrangeiras.
Figuras 2 e 3: dados de expansão internacional (esq.) e índice de atração do setor (dir.) Fonte: Latam Insurtech Journey.
A mortalidade das startups insurtech diminui na região
A taxa de mortalidade anual do ecossistema é de 10%, com 49 insurtechs desaparecidas nos últimos 12 meses.
Nesse sentido, 92% das startups que não sobrevivem são de alcance local, o que torna o fator multilatina essencial para a sobrevivência dos negócios. Em proporção, a distribuição representa uma maior porcentagem de fracassos, com 67% de mortalidade frente às habilitadoras (33%).
Brasil é o país mais afetado em termos de mortalidade, com 12%. Argentina e Colômbia demonstram a maior melhoria na taxa de mortalidade, com 4% e 7%, respectivamente, no último ano. É possível que alguns zombies possam desaparecer nos próximos trimestres.
Figura 4: taxa de mortalidade por país. Fonte: Latam Insurtech Journey.
Os habilitadores crescem, mas a distribuição ainda é soberana
53% de insurtech estão focadas na distribuição. Este dado reflete uma queda de 6% em relação a 2020; apesar de ainda ser o âmbito majoritário, o interesse do ecossistema está voltado para outros modelos de negócio.
A maioria das distribuidoras se concentram em linhas pessoais de automóvel e lar, com modelos de Broker e MGA (Managing General Agent), representando 42%.
Em relação às habilitadoras ou enablers, observamos um crescimento de 6 pontos percentuais nos últimos quatro anos, situando esses modelos de negócio em 47% do total dentro do ecossistema insurtech latino-americano.
Destaca que 18% delas oferecem soluções para digitalizar a intermediação tradicional. Também é relevante mencionar aquelas que proporcionam soluções para a gestão de sinistros (14%) e as de detecção de fraudes (6%).
Declarações:
Hugues Bertin, CEO e Fundador da Digital Insurance Latam comenta que “o ecossistema insurtech da América Latina é muito resiliente. Apesar do escasso financiamento, a taxa de mortalidade diminuiu de 13% para 10% e, por exemplo, a Argentina voltou a crescer (+6%). Nunca senti tanto entusiasmo nos países por colaborar com as startups insurtech: a Aliança Insurtech do Pacífico e outras associações continuarão co-construindo a proteção do futuro, pois integram tanto esses players quanto todos os atores tradicionais, incluindo as grandes seguradoras da América Latina”.
Carlos Cendra, Scouting & Investment Lead na MAPFRE Open Innovation, comenta que “fala muito bem do empreendedor latino-americano que, apesar do baixo investimento, o ecossistema continua comprometido fortemente com a criação e impulsionamento de novas startups para ajudar a crescer o setor, potencializando a redução da lacuna seguradora A América Latina é extremamente resiliente e uma região muito atraente para investidores, tanto locais quanto internacionais. Teremos que monitorar de perto os próximos meses, pois se o investimento em venture capital não crescer, continuando assim, 2025 será apresentará como um ano muito difícil e com alta taxa de mortalidade na indústria”.