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ECONOMÍA | 18.11.2024

O valor dos investimentos das seguradoras na Espanha cresce 8,1%, aproveitando o novo cenário de taxas

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  • Esse aumento está alinhado com o conjunto dos mercados desenvolvidos e emergentes analisados pela MAPFRE Economics, que apresentou uma valorização de 4,7%.
  • Desde 2019, as seguradoras europeias têm apostado mais em renda variável, que agora representa 18,6% (+5,5 p.p), enquanto a renda fixa perdeu relevância (-8 p.p.), ainda concentrando 49,2% dos investimentos. Na Espanha, essa tendência é mais moderada.
  • Na Espanha, os produtos do tipo unit-linked continuam ganhando espaço nas carteiras de investimento das seguradoras, representando 12,8% do total do negócio, duplicando nos últimos anos, embora ainda atrás de outros mercados desenvolvidos.

O ano de 2023 foi positivo para os investimentos das seguradoras, após a adaptação ao cenário de juros elevados iniciado no ano anterior. Na Espanha, o valor das carteiras atingiu 284,452 bilhões de euros, um aumento de 8,1% em relação ao ano anterior, conforme o relatório “Poupança e Investimentos do Setor Segurador”, elaborado pela MAPFRE Economics, o Serviço de Estudos da MAPFRE.

A tendência de alta é compartilhada por todos os mercados analisados no relatório, incluindo mercados desenvolvidos (Reino Unido, Japão, Zona do Euro, Estados Unidos e Espanha) e emergentes (Brasil e México). Todos registraram valorizações em suas carteiras e, no geral, os investimentos do setor segurador estudados aumentaram seu valor em 4,7%, alcançando 22,997 trilhões de euros. Os maiores aumentos foram observados no México (+33,8%), Brasil (+24,8%) e Estados Unidos (+21,3%).

“As seguradoras desses países se beneficiaram em 2023 da resiliência de suas economias frente ao aumento das taxas de juros, crescimento econômico apoiado por uma inflação global mais baixa, aumento do gasto público e consumo das famílias impulsionado pela poupança acumulada”, observa Manuel Aguilera, diretor da MAPFRE Economics.

Em relação à estrutura de investimentos, o relatório destaca que, embora as variações entre categorias de ativos geralmente sejam pequenas nas seguradoras (devido à necessidade de casar prazos, taxas de juros e moedas com seus passivos, assim como ao consumo de capital), em 2023 houve reponderações principalmente em renda fixa, especialmente em duração (mitigação de risco de taxa), em antecipação aos movimentos das taxas de mercado e dos bancos centrais (devido à inflação), e em menor grau, reponderações por rating (mitigação do risco de crédito do emissor).

O peso da renda fixa continua sendo maior nas seguradoras espanholas.

Na Espanha, a distribuição por tipo de ativo das seguradoras indica um percentual de 72,8% em renda fixa, muito superior à média da zona do euro (49,2%) e dos Estados Unidos (60,9%). Deste montante, 51,6% corresponde a dívida soberana e 21,2% a dívida corporativa. Em outras categorias, a renda variável representa 7,2% da carteira das seguradoras espanholas, os fundos de investimento, 12,1%, depósitos e tesouraria, 5,1%, e imóveis, 3,6%.

O relatório da MAPFRE Economics também avalia a redistribuição de ativos das seguradoras nos últimos anos. Desde 2019, as seguradoras espanholas reduziram suas aplicações em renda fixa em 2,6%, enquanto aumentaram em 1,6% as de renda variável e em 3% as de fundos de investimento. No mesmo período, as seguradoras da zona do euro reduziram em 8,2% suas aplicações em renda fixa, enquanto as de renda variável avançaram 5,5% e as de fundos de investimento, 1,7%.

A MAPFRE Economics ressalta que, entre os mercados desenvolvidos analisados, o espanhol apresenta tanto a maior proporção de renda fixa em sua carteira quanto a maior concentração em dívida soberana. Porém, ao considerar mercados como o brasileiro ou o mexicano, os percentuais de investimento em renda fixa são ainda maiores.  “Nesse sentido, observa-se que nos mercados seguradores com menor nível de desenvolvimento relativo (medido pelo volume de ativos de suas carteiras de investimento), o percentual de investimentos em valores de renda fixa tende a ser maior”, explica Ricardo González, diretor de Análise Macroeconômica e Financeira da MAPFRE Economics.

Na Espanha, o negócio vinculado aos produtos de tipo unit-linked, onde o tomador do seguro assume o risco do investimento, é de 12,8%, em comparação aos 87,2% do negócio segurador tradicional, onde o risco é retido no balanço das seguradoras. Esse percentual é menor que a média de 20,8% da zona do euro e que o do Reino Unido, que alcança 56,6%. No entanto, nota-se uma tendência de alta para esse tipo de produto na Espanha, que mais que dobrou desde o mínimo de 2016, quando representava apenas 5,5%.