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ECONOMIA| 28.02.2024

O que são os títulos indexados?

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Nos últimos meses, observamos a moderação no aumento dos preços de bens de consumo e serviços, tanto na Europa quanto nos Estados Unidos, após alcançarem as taxas mais elevadas dos últimos quarenta anos. No entanto, essa diminuição da inflação não está sendo tão rápida quanto foi antecipada em um primeiro momento, daí a importância de proteger nossos investimentos com produtos que se adaptem a este tipo de cenários, como os títulos indexados. Estes são um tipo de títulos cujo rendimento está atrelado a uma magnitude econômica, como pode ser a inflação acumulada de determinada economia desde a emissão do título.

“Geralmente, o principal está protegido e não pode ser recuperado abaixo de 100%, mesmo que ocorra deflação acumulada. Em outras palavras, a taxa de juros real a qual se investe na compra desses títulos está protegida contra a inflação futura, porque se a inflação acumulada desde a emissão aumentar, tanto os cupons a receber quanto o principal no vencimento também aumentam”, explica Daniel Gómez, gestor de renda fixa na MAPFRE AM.

Conforme explica o Tesouro Público em seu site, “no caso de que o índice de referência correspondente à data de vencimento seja inferior ao índice base, o montante da amortização será igual ao nominal”.

Gómez afirma que este tipo de título é apropriado para qualquer tipo de investidor cujo objetivo seja se proteger contra a inflação, embora geralmente seja um mercado mais propício para investidores institucionais “por sua relativa complexidade”.

Por exemplo, o título alemão de dois anos indexado à inflação europeia cota por mercado com uma rentabilidade real (protegida da inflação) de 0,92%, enquanto um título normal (sem proteção) do mesmo emissor, no mesmo vencimento (interpolado), cotaria a 2,62%. Ou seja, a diferença entre 2,62% e 0,92% é de 1,70%. “Se acreditamos que a inflação em dois anos estará acima deste nível, devemos comprar os títulos atrelados à inflação ao invés dos nominais (normais)”, afirma.

As previsões da MAPFRE Economics, o Serviço de Estudos da MAPFRE, indicam que a inflação na Zona Euro deve ficar em torno de 2,5% para este ano em seu cenário base, o mais provável. No entanto, essa taxa pode ser ampliada para 2,9%, caso ocorra um agravamento nos conflitos geopolíticos em andamento, entre outros riscos. Consequentemente, esses produtos ainda podem ter espaço para crescimento.

Contudo, o aumento dos preços em outras áreas econômicas é maior: nos Estados Unidos deve ser em torno de 2,7%, enquanto no Reino Unido pode chegar a 3,2% e nos mercados emergentes como um todo até 6,2%.

“Se compararmos atualmente a rentabilidade de um título nominal de dois anos com a de um título indexado à inflação, observamos que o mercado estima níveis de aumento de preços na Europa abaixo de 2%, quando atualmente estamos em 3,4% e temos conflitos geopolíticos abertos, como o da Ucrânia ou o Mar vermelho, que podem gerar novamente gargalos na cadeia de produção e encarecer os preços de transferências e as matérias primas”, insiste Gómez.

Além disso, em períodos de aumentos nas taxas de juros, “costumam apresentar um comportamento melhor que os títulos nominais”. Não entanto, há também algumas desvantagens: a liquidez de mercado é menor e, logicamente, o desempenho é inferior que o dos títulos nominais em períodos de expectativas de queda de inflação.

Limitação das expectativas de quedas de taxas

Os mercados antecipam entre seis e sete cortes de taxas de juros, embora os dados não justifiquem essas decisões no caso dos Estados Unidos: a economia do país continua demonstrando fortaleza e a inflação está em níveis ainda elevados para que essas quedas ocorram. De fato, o aumento dos preços no país foi de 3,1% em janeiro, três décimos menos que os dados de dezembro, mas acima dos 2,9% previstos pelos analistas.

“Em princípio, os dados devem postergar a expectativa de queda de taxas”, explica Alberto Matellán, economista chefe da MAPFRE Inversión. “Parece que a inflação não está diminuindo tanto quanto previsto e deve permanecer em torno dos níveis atuais, mais elevada do que o esperado pelo consenso”.