ECONOMIA| 23.04.2024
Como pensam os ricos: lições para investidores varejistas
Os primeiros passos no mundo do investimento podem ser desafiantes, seja pela falta de conhecimento, habilidade ou pelo receio de errar. Entretanto, temos à disposição muitas informações, se soubermos como encontrá-las. Um dos livros mais recomendados é “A psicologia do dinheiro: como pensam os ricos”, de Morgan Housel, analista econômico de Nova York especializado em economia comportamental.
Publicado em 2021, o livro convida o leitor a refletir sobre sua relação com o dinheiro e o que realmente quer dele. Em 20 capítulos, Housel dá dicas permanentes sobre o funcionamento da psicologia financeira e quais são os hábitos e comportamentos que ajudam não apenas a gerar riqueza, mas também a conservá-la. Estas são as principais lições:
As circunstâncias de cada indivíduo são diferentes
As circunstâncias pessoais têm um impacto significativo em nossa visão do mundo: não é igual crescer em uma época de alta inflação do que em uma com preços que apenas aumentam, ou em um contexto de quedas bruscas dos mercados comparado a momentos de grande crescimento da Bolsa. Isso influirá o nível de risco que estamos dispostos a aceitar.
“Suas experiências pessoais com o dinheiro representam possivelmente 0,00000001% do que ocorreu no mundo, mas explicam talvez 80% de como você acredita que funciona”, explica Housel. “Enxergamos o mundo a partir de perspectivas diferentes”.
Controle da avareza
As comparações com pessoas com circunstâncias de vida diferentes podem nos levar a desejar ganhar ainda mais dinheiro do que obtemos com nossos investimentos, chegando ao ponto de se envolver em atividades não totalmente legais, como aconteceu com Bernard Madoff ou Rajat Gupta.
“Não há motivo algum para arriscar o que você tem e precisa por algo que não tem nem precisa. Esta é uma daquelas coisas que, apesar de parecer evidente, geralmente é esquecida”, comenta o autor e acrescenta a importância de reconhecer quando temos “suficiente”.
A paciência é a melhor aliada
Ter uma visão de longo prazo é crucial na hora de investir, especialmente em renda variável, ativo que demonstrou que quanto mais o investimento é mantido, melhor é o retorno. De fato, Warren Buffett, presidente e diretor executivo da Berkshire Hathaway, obteve 81.500 milhões de seus 84.500 milhões de patrimônio após completar 65 anos.
Qual é o segredo? Os juros compostos, ou seja, reinvestir os lucros gerados pelo investimento inicial ao invés de retirá-los. “A fortuna de Buffett não se deve simplesmente a ser apenas um bom investidor, mas a ter sido um bom investidor desde que era literalmente uma criança”, assinala Housel. “Se tivesse começado a investir aos trinta anos e tivesse se aposentado aos sessenta, poucas pessoas teriam ouvido falar dele”.
Tornar-se rico vs. conservar a riqueza
Ganhar dinheiro envolve assumir riscos e, às vezes, o desafio não é obter retornos positivos nos nossos investimentos, mas preservar a riqueza. “Conservar o dinheiro exige o contrário de assumir riscos. Requer humildade e receio de que possa perder o que conseguiu com a mesma rapidez. Requer austeridade e aceitar que pelo menos parte do que você conseguiu é atribuível à sorte, portanto, não deve confiar nos sucessos do passado para repeti-los indefinidamente”, argumenta o analista econômico.
Para isso, é essencial o planejamento financeiro, mas é ainda mais crucial ter uma previsão do que fazer caso algo não aconteça conforme esperado. “É difícil imaginar que alguém tome decisões duradouras a longo prazo quando sua perspectiva sobre os desejos futuros provavelmente mude”, comenta Housel. É aqui onde ganha importância contar com uma reserva financeira: economizar um pouco mensalmente nos ajudará a lidar com os problemas que possam surgir.
Não subestime o papel da sorte (e lembre-se do risco)
Bill Gates, cofundador da Microsoft, teve a sorte de estudar em um instituto que possui um computador Teletype Modelo 30, algo bastante incomum em 1968. Gates fez parte do programa de estudo independente que ensinava a operar o computador. O resto é história.
O risco é o lado B desta equação: para Housel, “são tão semelhantes, que não é possível acreditar em um sem respeitar o outro”. “Se você atribuir à sorte e ao risco o respeito que eles merecem, perceberá que, ao julgar o sucesso financeiro das pessoas nunca é tão bom nem tão ruim quanto parece”, insiste.
Neste artigo, você encontrará mais recomendações de especialistas da MAPFRE que podem ajudá-lo a dar os primeiros passos no mundo dos investimentos.