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ECONOMIA| 20.07.2024

Qual é o impacto das eleições nos mercados?

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Os resultados das eleições municipais e autonômicas de 28 de maio, e a convocação a eleições gerais antecipadas para 23 de julho, geraram forte impacto na cidadania e dominaram as manchetes da imprensa nos dias posteriores, tanto na geral quanto na econômica, mas aparentemente tiveram pouco impacto nos mercados.

O principal indicador da Bolsa espanhola, o IBEX 35, apresentou na segunda-feira após as eleições (e no mesmo dia em que foram convocadas as eleições gerais) uma ligeira queda de 0,11%, com quase nenhum impacto no seletivo, apesar da incerteza política prevista para as próximas semanas.

“A reação do mercado tem sido quase inexistente”, afirma Alberto Matellán, economista chefe da MAPFRE Inversión, embora as Bolsas “não gostem de incerteza”.

Além disso, destaca que, em uma economia altamente globalizada, “a política nacional de um país específico influencia muito pouco”, exceto em casos específicos, sendo o crescimento e as taxas de juros as variáveis que mais impactam na evolução das cotações.

Tradicionalmente, a Bolsa espanhola registrou quedas mais acentuadas após as eleições gerais, alcançando 5,22% em 1996, após a vitória do PP de José María Aznar, ou de 4,15% em 2004, após a do PSOE de José Luis Rodríguez Zapatero.

Por outro lado, os mercados costumam apreciar a continuidade em La Moncloa e recuaram menos: quando Aznar foi reeleito, a queda foi de apenas 1,23%, enquanto cedeu apenas 0,29% em 2008, com a reeleição de Rodríguez Zapatero.

Nos últimos anos, houve apenas uma exceção: com a segunda vitória do popular Mariano Rajoy em 2015, o IBEX 35 caiu 3,62%, ainda mais que 3,48% de queda em 2011.

No entanto, apesar dos movimentos observados no dia seguinte às eleições, a política aparenta não ter muita influência nos mercados espanhóis. Javier Lendines, diretor geral da MAPFRE AM, explica que os índices nacionais “costumam ter uma diversificação razoável e, por isso, é difícil prever uma performance de um índice nacional muito diferente de um índice europeu”. “A evolução positiva ou negativa de um setor, em muitos casos, é compensada pela evolução de outros setores”, acrescenta.

Existe outro motivo que sustenta essa descorrelação: mais de 50% das ações do mercado de renda variável nacional está com investidores internacionais, que estão pendentes das decisões de política interna quando estas impactam empresas e setores específicos.

Um exemplo perfeito é o imposto solidário sobre bancos e empresas de energia. Quando foi anunciado em julho de 2022, o preço dos títulos de CaixaBank, BBVA, Banco Santander, Banco Sabadell e Bankinter caiu mais de 5%, similar a Solaria e Repsol, embora o colapso tenha atingido 10% durante o dia.

O que geralmente ocorre em outros países?

A situação em outros países, como no caso da França e da Alemanha, é bastante similar à da Espanha, se forem analisados os efeitos das últimas 33 eleições gerais nos principais índices. Além das flutuações, como a apresentada pelo seletivo espanhol, e em comparação com o Eurostoxx50 três e doze meses após as eleições, não se observa nenhum efeito relevante.

“A história da Europa depois da Segunda Guerra Mundial é caracterizada pela alternância entre os governos de um partido social-democrata e outro partido conservador. Também foram formadas grandes coalizões. Esta situação resultou na ausência de mudanças radicais nas políticas econômicas”, explica Lendines.

No entanto, essa situação pode mudar com a vitória de um partido extremista, um cenário possível, embora, segundo Lendines, “pouco provável”. “Mesmo nesse caso, a dependência de fundos europeus impediria a adoção de medidas contra setores específicos, que poderiam prever um comportamento muito negativo do índice”, argumenta.

No entanto, a Itália pode ser farinha de outro saco ao apresentar uma maior correlação entre as eleições e seu efeito nos mercados. O país vivenciou uma maior variedade em relação aos partidos governantes, com a Forza Italia de Silvio Berlusconi, ou o atual executivo de Giorgia Meloni, de caráter mais radical, além de um grande número de mudanças, totalizando 18 primeiros-ministros.