ECONOMIA| 27.02.2024
Gestão ativa em fundos de investimento: benefícios no atual cenário de mercado
Após um final de 2023 com um rali na renda variável e com a renda fixa retornando a sua rentabilidade, o caminho para os investidores neste 2024 é promissor. O plano macroeconômico parece que poderia acompanhar. As previsões da MAPFRE Economics para este exercício sugerem um panorama econômico mundial com um crescimento que, apesar de moderado, pode alcançar 2,3%, com uma inflação que seguirá sua trajetória de redução e uma política monetária voltada para uma tendência mais suave.
No conjunto, as expectativas para o exercício atual indicam um horizonte em que a recessão poderia ser evitada e onde os riscos estariam mais equilibrados e controlados pelos bancos centrais.
No entanto, esse cenário, embora positivo, não está isento de desafios. A volatilidade tomou conta dos mercados financeiros e os riscos geopolíticos continuam muito presentes. A guerra na Ucrânia, o confronto no Oriente Médio, os ataques no mar Vermelho… São vários os focos de tensões em desenvolvimento e que podem impactar no futuro econômico e dos mercados. A essa situação se soma a incerteza gerada pelas várias eleições de 2024, que mobilizarão boa parte da população mundial. O foco de atenção está voltado para as votações para o Parlamento Europeu em junho mas, especialmente, para as presidenciais dos Estados Unidos de novembro.
Em um cenário financeiro global marcado pela volatilidade em todas as classes de ativos e incerteza, a gestão ativa em fundos de investimento surge como uma estratégia fundamental para lidar com as flutuações do mercado. Esta abordagem, que contrasta com a gestão passiva ou indexada, representa uma seleção cuidadosa de ativos e uma contínua reavaliação da carteira.
A seguir, revisamos como a gestão ativa em fundos de investimento pode oferecer benefícios significativos no atual contexto de mercado.
Seleção de ativos
A gestão ativa de fundos de investimento envolve uma supervisão e seleção contínua de ativos pelas gestoras, visando superar o rendimento do mercado ou de um índice de referência. É por isso que um alicerce fundamental da gestão ativa é a pesquisa exaustiva. As equipes dedicam recursos importantes à análise de empresas, setores e tendências econômicas mundiais. É um processo único, que busca entender profundamente o modelo de negócio e a situação financeira de uma empresa ou de um país, analisando de maneira exaustiva fatores como a solvência ou os critérios ambientais, sociais e de governança corporativa (ESG).
Esta abordagem dinâmica permite identificar ativos subvalorizados com potencial e “pular” sobre eles, enquanto ajuda a evitar aqueles com perspectivas menos promissoras. Atualmente, quando não podemos determinar um caminho futuro claro para as taxas de juros ou quando as disrupções tecnológicas e mudanças no comportamento do consumidor estão redefinindo indústrias, essa é uma filosofia especialmente valiosa.
Por sua vez, o investidor delega toda a operação em profissionais, portanto, a única coisa que precisará fazer é buscar assessoria para selecionar o fundo que melhor atende às suas necessidades.
Adaptabilidade e agilidade
A gestão ativa oferece uma elevada flexibilidade na alocação de ativos e na estratégia. Embora cada fundo possua uma classificação específica (renda fixa, renda variável, mista, por temas, por áreas geográficas, etc.), as equipes de gestão podem recalibrar as exposições às diferentes classes de ativo, sua ponderação ou peso na carteira e sua duração, segundo sua visão do mercado e dos ciclos econômicos. Essa capacidade de adaptação é crucial em um ambiente onde as mudanças ágeis podem transformar rapidamente perdedores em vencedores e vice-versa. Por exemplo, diante de sinais de recessão, um gestor ativo pode adotar uma abordagem mais defensiva, incrementando a exposição a títulos de elevada qualidade e reduzindo o investimento em ações.
Em um ambiente tão dinâmico quanto o atual, a gestão ativa consegue se adaptar de forma rápida às variações do mercado, modificando a carteira em resposta aos acontecimentos econômicos, políticos e sociais.
Potencial de superação
O objetivo principal da gestão ativa é gerar retornos superiores ao mercado ou ao seu benchmark, enquanto a gestão passiva apenas busca replicar o comportamento de um índice. A flexibilidade da abordagem ativa permite aproveitar oportunidades que a passiva pode ignorar, ao seguir tendências de mercado ou detectá-las antes de qualquer outro, ou ao tirar proveito das ineficiências de mercado e obter rendimentos.
Embora a gestão ativa possa gerar custos mais elevados em comparação com as estratégias passivas, o potencial de alcançar rendimentos superiores justifica esse investimento para muitos investidores. Nos investidores, terá sempre em conta que rentabilidades passadas não garantem lucros futuros e que, antes de optar por um fundo, é recomendável avaliar de maneira cuidadosa os gestores, considerando seu histórico, sua estratégia de investimento e sua capacidade para gerar alfa (rendimentos ajustados ao risco acima do mercado).
Gestão de riscos
Além de tentar superar o mercado, a gestão ativa foca na mitigação do risco de forma proativa para proteger o capital dos participantes. De forma geral, os gestores se concentrarão em prever as mudanças do ciclo econômico para posicionar sua carteira de forma correta e estarem preparados. Além disso, empregam técnicas avançadas de gestão de riscos que ajudam a reagir diante de eventos inesperados, como a diversificação, a cobertura ou o ajuste da duração da carteira.
Em momentos de elevada incerteza, a subponderação de setores ou regiões vulneráveis pode marcar a diferença, portanto, uma abordagem ativa pode ser decisiva para preservar o valor do investimento e evitar perdas significativas ou compensá-las no longo prazo.