ECONOMIA| 11.04.2024
Os fundos de renda fixa: maior retorno que o investimento direto em Letras
O investimento em Letras do Tesouro tem experimentado um “boom” após a normalização das taxas de juros por parte dos bancos centrais, que melhorou consideravelmente sua rentabilidade após as quedas registradas em 2022.
De fato, o site do Tesouro já processou no decorrer deste ano a compra de mais de 1.100 milhões de euros em dívida, em comparação com a média anual de cerca de 200 milhões que foram registrados na última década. Este crescimento do interesse obrigou o Banco da Espanha a implementar um serviço de agendamento prévio para atender aos investidores, que em algumas comunidades autônomas já está sem disponibilidade até abril.
Atualmente, as Letras do Tesouro oferecem retornos ao vencimento em torno de 2,7%, embora seja necessário levar em consideração as comissões que acarreta.
“O cliente tem autonomia e pode decidir, mas antes de comprar uma letra a 2,7% com comissões tanto de compra quanto de venda e custódia, entre outras, é melhor comprar um fundo de renda fixa a curto prazo com uma comissão de gestão de 0,4%, além de ter gestão profissional, mais de um título em carteira, um fundo muito mais diversificado e, no final, há fundos com jogadas mais elevadas do que as Letras espanholas”, explicou Ismael García Puente, gestor e seletor de fundos na MAPFRE Gestión Patrimonial.
O apetite investidor por essa classe de ativo é fundamentado por sua rentabilidade e por alguns níveis de segurança “razoáveis”, mas também tem uma parte não fundamentada que responde à euforia.
“A palavra euforia é muito significativa para o mercado, porque indica que há um apetite que não se justifica em 100% com os fundamentais. Neste caso, essa euforia e excesso de apetite nos fazem considerar que talvez existam outros ativos que, dependendo do perfil do investidor, podem ser muito mais rentáveis. Tendo dito tudo isto, é preciso parar em algum momento”, afirma Alberto Matellán, economista-chefe da MAPFRE Inversión.
Matellán mencionou que, ao ter a possibilidade de acessar o investimento diretamente e não por meio de um assessor, o investidor assume mais riscos. “Há um grupo de investidores que estão interessados neste tipo de ativos. Eles podem ir diretamente e não através de um assessor, e acredito que assumem mais riscos comparados àqueles que contam com um assessor”, observou.
Subponderação em renda variável
Diante desse momento favorável que a renda fixa está vivendo, a MAPFRE AM diminuiu sua exposição em outras classes de ativos, como a renda variável, após o rali observado neste começo de ano.
“Agora mesmo, considerando o prêmio de risco entre renda fixa e variável, achamos mais interessante a renda fixa a curto prazo”, explicou García Puente.
Matellán acrescentou que é em momentos de reajuste como o atual que o investidor pode comprovar se sua carteira é adequada ou não.
“Diz-se frequentemente que, quando há problemas na Bolsa, verifica-se se os investidores são realmente de longo prazo, mas acredito que o verdadeiro teste é outro: se a carteira é adequada para o investidor. Porque se um investidor está observando essas perdas e acredita que já não se trata de longo prazo, mas de curto e deseja vender, o problema não é o prazo, mas que a carteira não atende às suas necessidades”, explicou.