ECONOMIA| 22.02.2024
Como investir 80.000 euros: esta é a maneira que os especialistas da MAPFRE Gestión Patrimonial utilizariam
Uma herança, uma rescisão, o resultado de anos de poupança disciplinada… São diversas as causas que podem fazer com que tenhamos, de repente, 80.000 euros em nossa conta corrente. E embora os esforços do Banco Central Europeu (BCE) para controlar o IPC estejam dando resultados, com janeiro fechando em 2,8% na Zona do Euro, de acordo com a estimativa preliminar da Eurostat, a verdade é que o dinheiro parado no banco vai sofrer as mordidas da inflação. E ainda que haja quem acredite que é a melhor forma de preservar o capital, a realidade é que acabaremos perdendo poder de compra.
Uma maneira de contrabalançar esse efeito é investir. Colocar o dinheiro para trabalhar com objetivos de longo prazo pode ajudar a construir a segurança financeira e alcançar objetivos como complementar a aposentadoria, adquirir uma casa ou custear a educação dos filhos.
No entanto, o mundo dos investimentos pode ser complexo e avassalador, especialmente para aqueles que estão entrando nele pela primeira vez. Aqui é onde a figura de um especialista financeiro pode ser essencial. Como? Fornecendo orientação, ajudando a navegar o profundo mar de produtos de investimento e adaptando as estratégias às necessidades das pessoas, bem como tentando garantir que o investidor esteja bem-posicionado para enfrentar os diversos cenários econômicos.
Daniel Sancho, diretor de investimentos da MAPFRE Gestión Patrimonial (MGP), tem claro que para uma aproximação inicial ao mundo dos investimentos a cautela e o planejamento são fundamentais. “A primeira vez que se depara com o investimento, a recomendação é não arriscar muito”, explica o chefe de investimentos da MGP.
Em geral, nossa tolerância ao risco e os prazos que tenhamos estabelecido são duas das principais premissas a serem consideradas ao definir uma carteira. Se formos arriscados e tivermos um prazo de cerca de sete ou oito anos, poderíamos estar confortáveis com uma exposição a renda variável mais elevada. No entanto, para um novo investidor, o especialista propõe, em todos os casos, uma aproximação gradual que possibilite a familiarização com o mercado por meio de uma experiência controlada.
Inicialmente, Sancho aposta por uma distribuição de ativos de 20% em renda variável e 80% em renda fixa, ajustando progressivamente esta proporção à medida que o poupador vá ganhando confiança e conhecimentos. O ponto de partida é, portanto, “uma carteira de viés prudente” sobre a qual será trabalhada de forma gradual na qual, à medida que “o cliente vá se sentindo confortável”, a configuração será alterada para uma carteira mais arriscada.
Para acompanhar o cliente tanto no início quanto nesta evolução, a “melhor ferramenta” é a contribuição regular: requer menos esforço inicial para o investidor, mitiga mais os riscos, ajuda a controlar as emoções, especialmente as negativas em épocas de queda, e contribui para tirar mais proveito dos juros compostos. Aplicado a este capital de 80.000 euros, Sancho propõe direcionar a maior parte das contribuições iniciais para o segmento de renda fixa e “aos poucos” assinar fundos de renda variável.
O valor da gestão ativa
Em relação à atribuição de ativos, a MGP tem claro o valor da gestão ativa, especialmente no cenário atual de mercado, no qual a incerteza continua sendo o tema dominante e o trabalho da equipe gestora de um fundo é chave no acompanhamento e ajuste contínuo da carteira, com a rentabilidade como objetivo final, para antecipar-se aos ciclos, reagir a eventos inesperados…
E a partir desta base, optam por renda fixa global flexível “para considerar e aproveitar as oportunidades”, e porque com a atual política monetária já “não é preciso sentir tanto medo de ter duração”. Além disso, seriam incluídos fundos monetários “para controlar a volatilidade da carteira”. Como resume Sancho, na renda fixa “é fundamental diversificar, sempre buscando certa segurança no risco de crédito e nos alavancando em gestores ativos que identifiquem as oportunidades dos mercados globais”.
Para a parte de renda variável, o diretor de investimentos da MGP opta por uma carteira diversificada em termos setoriais, geográficos e de estilo de gestão, porque apesar de que atualmente os índices estejam bastante inclinados para um número mínimo de entidades e, por exemplo, não descarta que as “sete magníficas” possam continuar subindo, considera que há oportunidades em outras empresas. “Somos seguidores de gestões ativas, carteiras concentradas e ideias de convicção”, reiterou.
Depois de revisar os “sim”, é a vez de revisar os “não”. Para começar, diante da dúvida de “o que fazemos com a liquidez?”, Sancho responde categoricamente: uma vez que completamos nossa reserva para imprevistos e o remanescente para tirar do caixa eletrônico, “do ponto de vista da MGP, não há dúvida de que remuneram muito melhor os fundos monetários do que as contas correntes”. Ou seja, depósitos ou contas remuneradas seriam descartados. Também alerta sobre a inclusão precoce de investimentos alternativos, porque embora sejam bons para diversificar as carteiras, seus elevados níveis de entrada e sua natureza pouco líquida tornam este tipo de ativos pouco ótimo para investidores novatos. “Fazer isto com alternativos não é a opção mais recomendável”, recomenda.
Para concluir, Sancho ressalta que, embora a volatilidade possa ser intimidante para investidores iniciantes, com a assessoria adequada e uma estratégia bem definida, é um fator que pode ser gerenciado de forma efetiva. “Não é preciso ter medo da volatilidade, desde que se entenda o que ela é e, acima de tudo, o prazo”, conclui, ressaltando a importância de uma perspectiva de longo prazo no investimento.