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TRANSFORMAÇÃO | 27.11.2020

Lazer e consumo “homebody”

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À espera da possibilidade real de uma vacina ou tratamento contra a COVID-19 que permita que todos recuperar a confiança e o interesse em voltar às ruas, o consumo nos últimos meses tem proporcionado um lazer mais caseiro. O ponto de ligação é o conceito de homebody, que os americanos usam às vezes com um sentido econômico. Lazer e consumo para a casa e para o corpo. Isso vai continuar nos próximos meses?

Samuel Beckett dizia que “nossos tempos são tão agitados que a única coisa que pode nos chocar é o tédio”. Durante meses, com o tempo de que dispomos assim que resolvemos as responsabilidades diárias, ficou limitado ao lazer dentro de casa, caracterizado por medidas e recomendações de restrição de mobilidade e socialização, por uma percepção mais aguda do risco e pelo impacto da crise econômica nos lares.

No primeiro trimestre de 2020, a Netflix multiplicou o número de assinantes, e o Disney+ quase dobrou a sua base de assinantes, até passar dos 50 milhões, segundo fontes da McKinsey, em parceria com a Oxford Economics. Como estavam impedidos de ir para a rua, a COVID-19 trouxe aos consumidores uma nova experiência de interação mais digital e um maior apetite por plataformas virtuais e conteúdos de entretenimento.

Houve uma verdadeira revolução, tanto no lazer como nos modelos de consumo, em relação a quando, onde e o que compramos.

 

“A COVID-19 trouxe aos consumidores uma nova experiência de interação mais digital e um maior apetite por plataformas virtuais e conteúdos de entretenimento”.

Redefinição de necessidade e orientação ao valor

As mudanças no comportamento dos consumidores se refletem, em primeiro lugar, em meios digitais e na orientação para o valor. Em todas as idades e países, registrou-se um aumento nas compras on-line, incluindo perfis de pessoas que não são nativos digitais.

McKinsey alerta sobre um “choque de lealdade”: três de cada quatro compradores nos Estados Unidos estão dispostos a comprar das marcas de que gostam, priorizam um consumo que forma e informa – 88% das crianças estão envolvidas em algum tipo de programa de aprendizado remoto – e produtos destinados à casa, devido ao fato de continuarmos impossibilitados de viajar. No mundo, houve uma queda de 80% nas viagens internacionais e gastos relacionados, e não há sinais de retorno em um futuro próximo.

O impacto econômico nos lares também condicionou o comportamento dos consumidores, que têm um nível de otimismo diferente de acordo com a área geográfica, e admitem que agora estão mais inclinados a avaliar o equilíbrio entre preço e qualidade, ficando atentos às promoções. O maior otimismo é observado nos millennials e nas rendas altas.

“A COVID-19 “nos fez amadurecer o consumo”, que está ficando mais relacionado à necessidade (alimentação e entretenimento), valores e compromisso com a sustentabilidade”.

Redefinição de necessidade e orientação ao valor

As mudanças no comportamento dos consumidores se refletem, em primeiro lugar, em meios digitais e na orientação para o valor. Em todas as idades e países, registrou-se um aumento nas compras on-line, incluindo perfis de pessoas que não são nativos digitais.

McKinsey alerta sobre um “choque de lealdade”: três de cada quatro compradores nos Estados Unidos estão dispostos a comprar das marcas de que gostam, priorizam um consumo que forma e informa – 88% das crianças estão envolvidas em algum tipo de programa de aprendizado remoto – e produtos destinados à casa, devido ao fato de continuarmos impossibilitados de viajar. No mundo, houve uma queda de 80% nas viagens internacionais e gastos relacionados, e não há sinais de retorno em um futuro próximo.

O impacto econômico nos lares também condicionou o comportamento dos consumidores, que têm um nível de otimismo diferente de acordo com a área geográfica, e admitem que agora estão mais inclinados a avaliar o equilíbrio entre preço e qualidade, ficando atentos às promoções. O maior otimismo é observado nos millennials e nas rendas altas.

Maturidade, segurança e bem-estar

De acordo com especialistas, a COVID-19 “nos fez amadurecer o consumo”, que está ficando mais relacionado à necessidade (alimentação e entretenimento), valores e compromisso com a sustentabilidade.

Segundo o relatório da consultoria KPMG, Consumidores e a nova realidade (primeira onda, de julho), o impacto da doença fez os consumidores ficarem mais conscientes em relação à saúde, o que se reflete nos fatores que eles priorizam na hora de consumir: a segurança apresenta o maior crescimento.

Na Espanha, 42% das pessoas consultadas admitem que ficaram mais seletivas com as compras. Também se declaram mais seletivos, em geral, em relação a onde depositam sua confiança. Escolhem marcas íntegras, transparentes, prestativas e com objetivos que vão além do benefício empresarial.

Em seu relatório A revolução do bem-estar: do wellness ao wellbeing, a consultoria de comunicação Llorente&Cuenca alerta que a pandemia fez mais do que acelerar as tendências relacionadas ao bem-estar. Dessa forma, o setor privado, principal detentor da confiança da maioria dos consumidores em todo o mundo, também incorporou o bem-estar em suas marcas.

Como os seres humanos são adaptáveis e resilientes por natureza, é provável que essas mudanças não sejam irreversíveis. Todos os analistas esperam a chegada de dezembro, mês tradicionalmente orientado ao lazer e ao consumo, como um grande indicador de em que ponto estamos, esperando ver tendências claras no volume e tipologia de nossas compras, e se há volta ou não, para os antigos hábitos: frequentar lojas físicas, comer fora de casa, viajar de avião nas férias ou comprar produtos não essenciais.

As pessoas vão perguntar muito se realmente mudamos como pessoas e consumidores ou se as variações ocorridas nesses meses nas nossas vidas foram, em sua maioria, conjunturais. Horas depois de a Pfizer anunciar a alta eficácia de sua vacina, o Zoom, a Netflix e a Amazon apresentaram queda em suas ações, como se o isolamento tivesse terminado. Será que as regras do jogo vão mudar novamente?