Carlos Malamud: “É importante que a América Latina não perca o trem da revolução tecnológica”
Um novo contrato social, Pacto Verde, novas infraestruturas, maior protagonismo das cidades, digitalização e inteligência artificial para modificar o trabalho, a educação e a medicina, e a economia circular para reconstruir a América Latina. Carlos Malamud, Analista Sênior para América Latina do Real Instituto Elcano e catedrático de História da América na Universidade Nacional de Educação a Distância (UNED), ofereceu uma visão completa do contexto político e socioeconômico que a região atravessa no encerramento do primeiro dia das Jornadas Global Risks América Latina, este ano sob o lema Uma visão para o futuro, bem como as janelas de oportunidades para a região.
O pesquisador explicou aos presentes do encontro virtual organizado pela MAPFRE Global Risks a situação da região ao longo da pandemia, que ultrapassou os 12 milhões de contágios e os 430 mil óbitos, suas consequências econômicas e sociais, os riscos no curto e médio prazos, e os elementos para sua reconstrução.
Ao final de 2019, a América Latina apresentava um cenário caracterizado por uma margem muito fraca de manobra econômica e fiscal da parte dos governos, com uma baixa capacidade de endividamento, por uma reduzida capacidade de crescimento econômico e uma notável fraqueza das estruturas de saúde em seus países. Os efeitos da COVID-19 estão sendo devastadores para a região, “a mais duramente atingida do planeta”, com Brasil, Argentina e Colômbia na lista dos dez países mais afetados no mundo, seguidos de México e Peru, e diante da ameaça de algumas perspectivas (de acordo com a CEPAL) que apontam para um aumento significativo da pobreza, da desigualdade e do fracasso escolar. Carlos Malamud adverte que, no segundo trimestre, foram perdidos 47 milhões de postos de trabalho na região, e que 231 milhões de pessoas estarão em situação de pobreza até o final do ano (mais de 37% da população), com 96 milhões (mais de 15% do total) em situação de extrema pobreza.