SUSTENTABILIDADE| 11.02.2021
Um ano recorde em sustentabilidade
Que empresas, setores e regiões têm maior responsabilidade com a sociedade e com o planeta? Por que algumas organizações acreditam em ética, igualdade, ecologia e prosperidade como princípios básicos empresariais, em vez de se limitarem a servir os acionistas e maximizar os lucros?
Estas duas perguntas são respondidas anualmente pelo Sustainability Yearbook, uma publicação anual de prestígio editada pela S&P Global há 17 anos, elaborada pela equipe de analistas do Dow Jones Sustainability Index (DJSI) com base nas avaliações (bastante rigorosas) da Corporate Sustainability Assessment (CSA), que desde 1999 tem uma das maiores e mais abrangentes bases de dados globais sobre sustentabilidade empresarial.
Por que tanto interesse em elaborar um relatório anual de quase 200 páginas focado em sustentabilidade? Douglas L. Peterson, presidente e CEO da S&P Global, tem a resposta. Ele afirma que, especialmente à partir da pandemia, a sustentabilidade se tornou a prioridade das empresas e está cada vez mais na mente dos investidores, líderes empresariais e responsáveis políticos. As questões ambientais, sociais e de governança (ASG), ele aponta, não só têm vantagem sobre outros temas, como também permitem que entidades como a S&P proporcionem ao mercado, em outras palavras, aos investidores, empresas e governos, produtos e serviços que os ajudem a identificar oportunidades de crescimento e atenuar o risco ASG.
Cinco distinções
Assim como todos os anos, a SAM avalia as práticas de sustentabilidade de milhares de empresas, bem como critérios específicos de cada setor. Especificamente em 2020, a entidade analisou o maior número de empresas da sua história, um total de 7.032 de 60 setores e de 40 países, sinal da necessidade de transparência e comparabilidade de todos os participantes do mercado para lidar melhor com os riscos e oportunidades do tipo ASG. Isso também indica que a sustentabilidade tem cada vez mais influência e prioridade nas agendas empresariais.
O relatório atual selecionou as 633 melhores empresas, as mais responsáveis em cinco categorias: medalhas de ouro, prata e bronze, “movers” e membros. Destaque para as 70 medalhas de ouro que receberam empresas como HP, Pirelli, Roche, Indra e Colgate-Palmolive, para citar apenas algumas. Elas foram premiadas por atingir uma pontuação que as colocaram entre o 1% das empresas do seu setor com melhor desempenho em termos econômico, ambiental e social. São sem dúvida as que mais contribuem para melhorar o mundo, mas também as que abrem caminho e inspiram as outras empresas. Destaque também para as “movers” ou os “motores da indústria” (52 no total) como Bureau Veritas, CVS Health Group, Hyundai e NH Hotels. Esta categoria premia não somente as empresas presentes nos 15% com melhor desempenho em seus respectivos setores, como também as empresas que melhoraram seu desempenho em pelo menos 5% em relação ao ano anterior, o que as coloca entre as empresas com melhor evolução nos seus setores.
Além disso, o relatório aponta os setores com maior compromisso no que diz respeito à sustentabilidade – empresas de materiais de construção e de fornecimento de gás e eletricidade – e para os países mais bem classificados e com maior número de medalhas de ouro, como os Estados Unidos e o Japão.
MAPFRE, a única seguradora espanhola
Entre as companhias selecionadas, 24 são espanholas, mas a MAPFRE é a única seguradora. Isso demonstra o reconhecimento internacional pelo esforço que a multinacional realizou nos últimos anos em sua estratégia de sustentabilidade. Os autores do estudo analisaram as dimensões econômica, ambiental e social da entidade e levaram em conta o interesse da empresa em se tornar uma empresa neutra, referência em economia circular e em investimentos socialmente responsáveis, bem como em outros aspectos relacionados a igualdade, inclusão e diversidade.
O relatório destaca o peso do setor de seguros, especialmente devido ao desempenho no âmbito econômico e de governança (54%), que abrange projetos que promovem as finanças sustentáveis, a gestão de riscos e crises, a governança corporativa e os códigos de conduta, entre outros.
Digitalização e transparência
As principais seguradoras estão cada vez mais levando em consideração as tendências de sustentabilidade no longo prazo, bem como o desenvolvimento de seguros sustentáveis e a identificação e avaliação de novos riscos, como as mudanças climáticas e a segurança cibernética. Também há duas ameaças importantes e algumas oportunidades. A digitalização, de acordo com a análise setorial da S&P Global, proporcionou aos consumidores maior transparência e escolha, assim como novos canais diretos por meio dos quais são oferecidos, por exemplo, produtos e serviços inovadores e personalizados que incentivam estilos de vida mais saudáveis.
Mais 100 anos para alcançar a igualdade de gênero
Este ano o relatório concentra a pesquisa em igualdade de gênero, embalagens plásticas, eletrificação do transporte e no uso dos critérios ASG como uma ferramenta para gestão de risco eficaz. Além disso, inclui uma análise dos avanços na gestão de riscos nas empresas da América Latina e uma série de artigos, como o Gender equality in the workplace: women on the board, assinado por duas especialistas da S&P Global, Marie Froehlicher e Lotte Knuckles Griek, e que destaca que “serão necessários mais 100 anos para que a igualdade de gênero seja alcançada se mantivermos o ritmo atual de progresso. Será necessário dobrar os esforços se quisermos evitar a perda de mais de 10 anos na trajetória rumo a esse objetivo. O artigo indica que as mulheres representam 39% da população mundial ativa, mas foram 54% da perda de postos de trabalho em maio de 2020 (…)”.
O Sustainability Yearbook 2021, que entre os meses de março e abril também estará disponível em espanhol, pode ser baixado (PDF) neste link:
https://www.spglobal.com/esg/csa/yearbook/files/spglobal_sustainability-yearbook-2021.pdf