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SUSTENTABILIDADE| 25.06.2024

Microsseguros para inclusão social: nasceu a MAPFRE na Favela

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Entrevista com Fátima Lima, Diretora de Sustentabilidade da MAPFRE Brasil. 

A MAPFRE na Favela é um exemplo prático que mostra como a sustentabilidade está integrada à estratégia e ao modelo de negócio da MAPFRE.

Fátima LimaA MAPFRE na Favela é a materialização de um propósito e objetivo do Plano de Sustentabilidade da MAPFRE: promover o acesso ao seguro dos segmentos da população com menores receitas. É negócio com impacto social que oferece proteção e cuidado às pessoas.

O projeto MAPFRE na Favela acaba de ser lançado, uma iniciativa que, através dos microsseguros, tem como objetivo melhorar a inclusão social. Em que consiste um microsseguro? Como esses microsseguros podem contribuir para o desenvolvimento sustentável e para melhorar a economia de ambientes vulneráveis? 

Os microsseguros são dirigidos à população de baixa renda e adaptados às suas necessidades, tanto na forma de distribuição como nas coberturas e serviços oferecidos. Caracterizam-se por oferecer coberturas limitadas, mas suficientes, destinadas a proteger a vida, o patrimônio ou a família e, desta forma, promover a estabilidade financeira e a inclusão econômica deste segmento da população. A natureza do microsseguro é oferecer um seguro que responda a uma demanda ou necessidade social.

As empresas começam a se preocupar em gerar um impacto social positivo e, neste cenário, o microsseguro é o principal produto com este enfoque, o que reforça a função social do seguro.

A possibilidade de acessar produtos e serviços de seguros pode estabelecer a diferença entre os indivíduos ou famílias para atingirem o objetivo de mobilidade social ou permanecerem em condições de vulnerabilidade econômica. Daí a importância do aspecto social no desenvolvimento do produto de microsseguro, que pode ser de diferentes áreas: saúde, vida, colheita, paramétricos climáticos e automóveis.

Um dos aspectos mais importantes deste projeto é que houve um trabalho prévio de pesquisa e de escuta das demandas da população local. Quais foram as principais necessidades detectadas pela equipe de trabalho? 

A grande diferença da MAPFRE na Favela foi entrar em contato com o ecossistema da favela para compreender as necessidades locais, e assim aprender e integrar essas demandas específicas em seu modelo de negócio. Ouvir o cliente é um dos passos principais no processo de desenvolvimento de um produto e é isso que fizemos.

Um dos primeiros passos foi conhecer de perto a realidade dos que vivem na favela para identificar suas necessidades básicas e, a seguir, desenvolver produtos de seguros que tivessem um valor percebido por esta parte significativa da população.

Além de gerar um impacto social positivo, o objetivo foi promover o acesso ao seguro de uma população excluída (uma das frases que mais ouvimos durante o processo de construção do projeto foi: “O seguro não é para mim”), resgatando a função social do seguro (proteção e segurança).

O projeto está centrado no empreendedor da favela, que geralmente trabalha de maneira informal e deve resolver problemas muito complexos todos os dias para poder levar dinheiro para casa, por isso decidimos aceitar o número de identificação fiscal do Brasil para o registro dos três produtos.

Que impacto se espera que este projeto tenha na população destinatária? Como este projeto pode ajudar a reduzir as desigualdades sociais e de gênero?

Esperamos que seja um projeto de grande impacto social. Com a MAPFRE na Favela, empoderamos as pessoas e levamos a educação financeira e sobre seguros a um importante ecossistema do Brasil.

Segundo dados do Censo Demográfico de 2022, divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Brasil conta com mais de 13.000 favelas e comunidades urbanas onde vivem cerca de 16 milhões de pessoas, o que representa 8% da população brasileira. De acordo com a Data Favela 2023, os brasileiros que vivem nessas comunidades geram cerca de 200 bilhões de reais por ano e cerca de 5,2 milhões de empreendedores (proprietários de pequenos negócios) vivem nas favelas mapeadas.

Também foram assinados convênios com G10 Favelas e Vivenda da Criança, organizações sociais locais. Em que consiste esta colaboração? Que papel terão na implementação do projeto? 

G10 Favelas e Vivenda da Criança são ONGs que atuarão como promotoras na difusão dos produtos de seguros para um modelo de autocontratação dentro das favelas.

G10 Favelas reúne líderes e empreendedores com impacto social nas favelas do Brasil, que transformam as doações que recebem em bens e ações essenciais para combater a pobreza, a fome e a desigualdade nas comunidades de Paraisópolis e Ciudad Ademar. E Vivenda da Criança é uma organização sem fins lucrativos que trabalha com a população menos favorecida da região de Parelheiros.

A ideia é aproveitar a experiência e a penetração destas instituições em suas respectivas comunidades para facilitar o acesso da MAPFRE na Favela entre os microempreendedores, principais clientes destes produtos.

A partir das demandas das pessoas empreendedoras das favelas, foram desenvolvidos três produtos para promover a acessibilidade ao seguro. Em que se diferenciam? 

O design dos produtos é resultado de profundas pesquisas e tem como objetivo ajudar o empreendedor da favela e seu modelo de negócio.

MAPFRE Meu Bem Protegido oferece proteção e assistência para bens e produtos essenciais para o funcionamento do empreendimento; MAPFRE Meu Trampo, com proteção para o local de trabalho e MAPFRE Minha Vida é um seguro de falecimentos que tem como objetivo o bem-estar.

Este projeto poderia ser aplicado em outras áreas? Que aprendizagens poderiam ser úteis em outros contextos?  

Claro que sim. Os produtos da MAPFRE na Favela foram criados pensando nos grupos mais vulneráveis da sociedade, que buscam proteção para seus bens, mas não contam com o apoio de nenhuma companhia de seguros.

Trata-se de um projeto que está em constante evolução, no qual estamos identificando outros grupos com o mesmo propósito, inclusive nossos partners de negócio, os corretores de seguros. Já realizamos uma avaliação para validar todas as hipóteses do modelo de negócio com o objetivo de definir um modelo em escala e, consequentemente, a ampliação do projeto.

Um dos aspectos-chave quando uma pessoa contrata um seguro é a transparência: entender em que consiste o serviço e o que implica esse contrato. Como a MAPFRE está trabalhando para desenvolver um modelo mais simples que responda às demandas de seus clientes e leve em consideração a diversidade de perfis (idade, deficiência, treinamento, recursos, etc.)? 

Este foi um dos desafios que tivemos que superar. Durante o primeiro trimestre de 2024, o foco estava no desenvolvimento de um modelo de contratação e venda mais simples e fácil, utilizando tecnologia de fácil manuseio para atender às demandas identificadas no primeiro piloto.

Para isso, as equipes trabalharam com o objetivo de possibilitar a comercialização destes produtos de maneira ágil e digital. Como se trata de uma nova forma de contratar produtos de seguro, este sistema teve que ser criado do zero para responder às demandas e características específicas deste público.

Um dos primeiros desafios foi que para esta população não existe uma separação entre pessoa jurídica e pessoa física. De modo que, para ajudar o pequeno empreendedor, optamos por aceitar apenas o documento de identificação fiscal brasileiro para o registro em todos os produtos. Aqui a pessoa é a própria empresa.

Para terminar, em nível geral, como a MAPFRE integra a sustentabilidade na cultura da empresa e em sua estratégia de negócios? 

A MAPFRE na Favela é um exemplo prático que mostra como a sustentabilidade está integrada à nossa estratégia e ao modelo de negócio.

A sustentabilidade é um dos nossos quatro pilares estratégicos, que definem e orientam nossas operações no mercado.

Somos uma empresa atenta aos desafios globais, comprometida com as pessoas e com o planeta, que trabalha para deixar uma marca positiva na sociedade.

Com a MAPFRE na Favela conseguimos reunir um squad de mais de 30 pessoas de diferentes áreas, trabalhando juntas para alcançar o objetivo comum de entregar algo que realmente tenha sentido. Ao experimentar na prática a construção de um projeto desta magnitude, estes funcionários são os verdadeiros embaixadores da sustentabilidade e do que significa integrar os critérios ESG no negócio, contribuindo para difundir a cultura da sustentabilidade na empresa.

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