SUSTENTABILIDADE| 15.04.2021
María Lafuente, designer de moda: “A sustentabilidade é uma obrigação”
Anoche tuve un sueño
Ela se define como “De-sonhadora”, um conceito que surgiu de sua personalidade inquieta e da semelhança que tem a palavra com a sua profissão. Ele traz a arte e a cultura em seu DNA, expressando sua paixão pela moda com propostas inovadoras, sem esquecer o compromisso social e ambiental.
Fotografías: Kristen Wicce
Para María Lafuente, a arte e a cultura são expressões intensas da alma, ligam as pessoas às suas emoções e às dos outros, despertam e enriquecem o espírito humano. Isso nos dá uma ideia de como é essa designer de moda movida por sonhos e pela inovação: “Os sonhos são o trajeto desde que começa até que você aproveite enquanto está vivendo. Como uma pessoa sonhadora, desde a minha infância, tenho aproveitado tudo o que a vida nos dá. Com seus acertos e erros e tentando aprender todos os dias”, conta ela.
Os seus projetos fazem parte da sua criatividade e personalidade. Eles estão ligados a uma inspiração e filosofia que unem vida e trabalho. As suas coleções distinguem-se por buscar a fusão entre arquitetura, arte, inovação, poesia, natureza e música de forma sustentável, com o objetivo de reivindicar um estilo de vida comprometido com os valores necessários para viver em harmonia com a Mãe Natureza.
“Chegar à ONU foi um grande prêmio e presente da vida”
“As minhas coleções fazem parte da minha criatividade e personalidade”, confirma María. “Preciso pesquisar e estudar muito para cada uma das coleções. Desde novos materiais ou tradições artesanais até contar o que sinto e vivo em cada momento para traduzir nas novas coleções. Para mim, é também essencial a parte humana: saber quem produz e com que valor são feitos”, afirma.
Cada coleção nasce de um diálogo do indivíduo com o universal, nela são expressos sua paixão e respeito pela vida, para aqueles que a apreciam a um mundo onírico, para tirar o melhor de cada pessoa, e, assim, inspirar a tomada de decisões pequenas e sábias para criar mudanças duradouras.
Ela é um exemplo claro dessa revolução. Desde criança, reutilizava materiais que estavam a seu alcance para transformá-los em outros. Para lhes dar uma segunda vida. Isso, unido ao fato de que cresceu em lugares pequenos e com muita natureza, marcou o seu pensamento para que sempre tivesse o meio ambiente na mente e no coração.
Natural das Astúrias e criada em León, María é uma referência da moda sustentável em nível internacional. Com o seu trabalho, ela evidencia a necessidade urgente de criar, produzir e consumir de forma consciente e responsável. Esse caminho a premiou em várias partes do mundo, sendo a primeira designer a falar e mostrar o seu trabalho no Fórum Internacional de mais alto nível da ONU (FPAN), com a primeira coleção certificada PEFC de tecidos sustentáveis.
“Luxo é ter algo único”, uma declaração de intenções que guiam a forma como ela faz os seus desenhos
“Chegar à ONU foi um grande prêmio e presente da vida. Eu não tinha imaginado ser a primeira no mundo a falar sobre a moda e seus valores naquele lugar que eu só conhecia dos livros da minha infância. Agradeço à PEFC por essa oportunidade incrível”, conta, emocionada. Para ela, a sustentabilidade não é somente uma opção, mas uma obrigação: “devemos deixar um legado e um planeta para as futuras gerações e ser mais responsáveis pelas nossas ações. Cada grão de areia possibilita a criação de uma praia, todos nós podemos contribuir com alguma coisa”, garante.
Ele tem um lema em sua vida: “O luxo é ter algo único”, uma declaração de intenções que guia a forma como elabora seus projetos. É por isso que cada peça que ela cria é exclusiva e inédita: “Meu lema significa ter peças feitas de forma artesanal, com valores, dedicação e paixão. Aproveitar as pequenas coisas cotidianas que nos rodeiam. Como qualquer abraço, um pôr do sol, risos compartilhados, uma boa conversa… entre muitas outras coisas simples”, explica.
Ela trabalha com pneus, com tencel certificado PEFC, com PET reciclado, sedas artesanais da Tailândia, lã e inovações tecnológicas. Também trabalha com diferentes grupos, alguns em risco de exclusão social, e associações de mulheres artesãs. Nesse sentido, explica-se a sua colaboração com a associação “Lal la Buya”, um projeto que visa dignificar a vida das mulheres. Uma associação sem fins lucrativos, constituída por mulheres em risco de exclusão social, com dificuldades de inserção no mercado de trabalho.
Participante assídua desde 2006, na Semana da Moda de Madri (Fashion Week Madrid), e de várias passarelas em mais de 20 países, está atualmente em plena fase de elaboração da nova coleção que será lançada na próxima edição de abril da Mercedes Benz Fashion Week de Madri.
Também com experiência comprovada na criação de identidades corporativas, como o Comitê Olímpico Espanhol e dos Paradores da Espanha, entre outros. Também faz a criação de figurino para séries, filmes, TV e shows musicais. Foi pré-indicada ao Oscar como Diretora de Figurino pelo filme Garotas Paranoicas, dirigido por Pedro del Santo. Atualmente, está dirigindo o figurino em uma série de divulgação científica, “Território Gravidade”, dirigida por Nacho Chueca. E seria impossível listar nestas linhas todos os seus prêmios, mais do que merecidos.
Ainda assim, ela garante que não foi fácil: “Qualquer profissão artística ou autônoma apresenta um caminho longo, e pode haver acertos e erros. Mas nós que amamos o que fazemos estaremos sempre dentro dos nossos objetivos. É uma corrida de longa distância”, afirma, com sinceridade.
Quando não está desenhando, ela passa um tempo com sua família e amigos, bebendo cada minuto da vida. E respirando arte. Lê, dança, vai para o teatro e mergulha na cultura que, mais tarde, vai preencher suas coleções. E sonha, nunca deixará de sonhar: “Sonho em continuar agregando valor no mundo da moda, que me faz tão feliz, e aproveitar as coisas simples e maravilhosas. Sonho em continuar aprendendo todos os dias e compartilhar muitos momentos que ainda vou viver”. Assim é a María.