SUSTENTABILIDADE| 25.01.2023
O impacto das entidades financeiras nos aspectos sociais da sustentabilidade
Nas últimas duas décadas, vivemos momentos difíceis, com uma sucessão de crises que tiveram um grande impacto tanto no meio ambiente (aceleração do aquecimento global e mudança climática) como na economia e sociedade (crise de 2008) e na saúde da população mundial (pandemia de COVID-19). Este contexto de crises sucessivas teve impacto sobre todo o mundo, mas com maior ênfase na população mais vulnerável.
Esta situação não só teve os efeitos negativos evidentes, também vimos uma resposta tanto da sociedade como das empresas e do setor financeiro em busca de soluções. Mudanças em hábitos, em atitudes, em modelos de gestão e em padrões de consumo, com tendências mais responsáveis e sustentáveis. As empresas em geral, e as entidades financeiras concretamente, responderam com mudanças que impactaram nos aspectos sociais da sustentabilidade.
O que são finanças sustentáveis?
As finanças sustentáveis implicam que, no processo de tomada de decisões de investimento, tenham-se em conta os fatores ambientais, sociais e de boa governança. Todos estes critérios são conhecidos como critérios ESG, que já conhecemos no artigo anterior.
Após o Acordo de Paris sobre a mudança climática e a Agenda 2030 das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável em 2015, desenvolveram-se diversas iniciativas regulatórias a fim de integrar as considerações ambientais, sociais e de governança na tomada de decisões de investimento, com o objetivo de conseguir uma transição para uma economia baixa em emissões de carbono, mais eficiente no uso dos recursos e mais justa e sustentável. Neste sentido, o setor financeiro também desempenha um papel chave sobre o financiamento de projetos que incidam nos critérios sociais destes acordos.
O papel das entidades financeiras como protagonistas na sustentabilidade
O setor financeiro é um ator-chave no caminho à sustentabilidade, seja de maneira indireta apoiando a estruturação de projetos, ou direta através dos produtos sustentáveis que oferece, financiando assim energias renováveis, eficiência energética e, mais concretamente, em apoiar projetos sociais como PMEs dirigidas por mulheres, luta contra a extrema pobreza, apoio da empregabilidade, microcréditos a projetos sociais, solidariedade e voluntariado, etc.
Cada vez mais há consciência da parte das instituições financeiras sobre o relevante papel que têm como intermediários para canalizar recursos para um desenvolvimento e crescimento mais justo, inclusivo e sustentável. Além disso, os riscos de reputação são crescentes devido a uma opinião pública que tende a avaliar negativamente projetos de alto risco para o meio ambiente ou as comunidades.
A Iniciativa Financeira do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP FI) apresentou já em 2012 um marco de ação de referência de desenvolvimento de finanças sustentáveis que foi evoluindo e cujo objetivo é alinhar o financiamento privado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, tanto ambientais como sociais. Esta iniciativa insta seus signatários a seguir uma série de princípios, entre os quais se destacam:
- Os Princípios de Investimento Responsável (2006).
- Os Princípios para um Seguro Sustentável de 2012
- Os Princípios de Investimento Responsável (2019).
Ao redor de 80% da indústria do investimento comprometeu-se com os Princípios para o Investimento Responsável, enquanto 260 bancos, que representam US$ 70 trilhões em ativos assinaram os Princípios para os Bancos Responsáveis.
No setor segurador, 138 empresas assinaram os acordos, MAPFRE entre elas, quem além disso conta com a participação da Fundación MAPFRE para tornar realidade o apoio a projetos com alto impacto social positivo.
Produtos financeiros sustentáveis e com impacto social
ISR significa investimento socialmente responsável, que se baseia em critérios ESG para gerar valor sustentável a médio e longo prazo para o cliente e, além disso, ter um impacto positivo na sociedade e no ambiente. Neste contexto, existem os Fundos de investimento que seguem estes princípios.
Entre as entidades financeiras que seguem estes princípios, surgiu os bancos éticos, que são aqueles que acrescentam critérios e diretrizes de transparência, sustentabilidade e justiça social aos critérios clássicos financeiros dos bancos como a rentabilidade e o crescimento. Estas entidades são fundamentais no financiamento de projetos sociais através de diferentes ferramentas financeiras.
Uma destas ferramentas com grande impacto social são as microfinanças, e um de seus produtos mais conhecidos, os microcréditos. As microfinanças são todas aquelas ferramentas e produtos (seguros, investimento, poupança, crédito…) destinados a tornar acessíveis as finanças a grupos de população vulneráveis e de baixa renda. Este grupo da população não pode acessar aos produtos standard por falta de avais, propriedades ou outros, desse modo as microfinanças tornam possível o lançamento de projetos ou a cobertura social em segmentos da população que, de outra maneira, não o poderiam ter.
O papel da MAPFRE no aspecto social das finanças sustentáveis
A MAPFRE aderiu em 2017 aos Princípios de Investimento Responsável da Organização das Nações Unidas (PRI). Este compromisso reafirmou o que a empresa assumiu em 2004 com o desenvolvimento sustentável, quando aderiu ao Pacto Global da Organização das Nações Unidas e, posteriormente, em 2012 quando aderiu aos princípios de sustentabilidade dos seguros (PSI). Estes compromissos e princípios reúnem-se no quadro de atuação em investimento socialmente responsável.
Concretamente no âmbito social, a MAPFRE concebe e põe ao alcance de todos produtos seguradores ou serviços dirigidos a cobrir de maneira específica as necessidades básicas da população, produtos ou serviços relacionados com a proteção da vida, a saúde e a educação em comunidades desfavorecidas e/ou grupos de baixa renda (que ganhem salários-mínimos ou menos), assim como aspectos relacionados com a proteção dos direitos humanos, não discriminação, inclusão e diversidade.
MAPFRE AM é responsável pela aplicação dos princípios de investimento socialmente responsável e possui três fundos específicos:
- Inclusão responsável
Investimos em empresas comprometidas com a inclusão de pessoas com deficiência e combinamos a busca de rentabilidade financeira com a promoção da melhoria da sociedade. Este fundo foi incluído no relatório do Pacto Global das Nações Unidas de 2019 como um exemplo de boas práticas.
- Capital responsável
Destinado a favorecer as empresas e entidades que possuem uma estratégia focada no acompanhamento dos critérios ESG.
Na MAPFRE, queremos cumprir com a parte que nos toca com estas ações, produtos e compromissos, para contribuir com os aspectos sociais nos quais as entidades financeiras e empresas seguradoras podem ter um impacto e criar um futuro mais sustentável e justo.
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