SUSTENTABILIDADE | 23.04.2024
Educação financeira: segredos para gerenciar melhor seu dinheiro
Quanto mais conhecimentos financeiros temos, maior é a nossa sensação de controle e autoestima, e isso significa mais e melhores decisões. Assim pensa Natalia de Santiago (Madri, 1977), engenheira, especialista em finanças, escritora e empreendedora, cujo objetivo é ensinar hábitos financeiros que nos permitam viver com maior tranquilidade. Falamos com ela de educação financeira, o assunto pendente, que nos explica a importância de planejar um orçamento por menor que seja e incentivar a economia e o investimento, inclusive desde idades precoces.
Garante que é preciso mais educação financeira para aprender a administrar melhor nosso dinheiro e viver mais tranquilos, com maior bem-estar. O que deveríamos levar em conta para isso?
Gostaria de salientar que falamos de um tema importante, não podemos viver deixando isso de lado. Do mesmo modo que cuidamos da nossa saúde, é nossa responsabilidade cuidar das nossas finanças e, se não nos ensinam a administrar nosso dinheiro, teremos que nos informar. Hoje em dia contamos com vários instrumentos que podem nos ajudar a começar, desde podcasts até livros didáticos. Há muito conteúdo, mas é preciso começar neste mundo. Não se deve esquecer que cada vez teremos que nos ocupar mais com a gestão de nossas finanças, principalmente porque a rotatividade trabalhista, cada vez maior, e a diminuição da natalidade impactam diretamente a nossa economia. Um exemplo claro é o sistema público de aposentadorias, que possui cada vez mais risco.
Vários relatórios emitidos por instituições governamentais como o Banco da Espanha ou órgãos internacionais como a OCDE, destacam que somos uma sociedade com conhecimentos financeiros limitados. O que você acha que precisamos aprender com mais urgência?
Nas finanças, é preciso ter informação, que é fundamental para tomar decisões. Todos deveríamos contar com noções básicas sobre economia, taxa de juros e sobre como a inflação afeta a nossa situação econômica. É muito relevante ser consciente de que o tempo neste âmbito é especialmente importante. Normalmente, os problemas financeiros se agravam à medida que o tempo passa, e assim, quanto antes você solucionar um problema, menor impacto terá na sua economia. Como dizia meu pai, é preciso se ocupar com as finanças, não se preocupar.
Em que momento da nossa vida acha que devemos começar a administrar nossas finanças? Quem deveria nos ensinar?
Acho que deveríamos saber diferenciar entre o que é o conhecimento e o que significa o hábito financeiro. O primeiro, deveria começar a ser ensinado na Educação Primária, sofisticando-se à medida que crescemos e se prolongando até chegar à Universidade, onde também deveria haver educação financeira em outro nível. Não é o mesmo cursar a disciplina de Economia do que cursar Finanças Pessoais. Sua incorporação nos programas acadêmicos é uma tarefa pendente e, até que isto seja feito, cabe aos pais transmitir em casa tanto o conhecimento quanto o hábito.
Que conselhos daria aos pais para impulsionar hábitos financeiros saudáveis?
Eu diria que quanto antes começam a impulsionar hábitos financeiros saudáveis, melhor gestão da economia terão seus filhos. Essa aprendizagem pode ser realizada através de mecanismos habituais, como o do salário, para aprender a planejar o orçamento ou o do orçamento, para fomentar o hábito de economia. Também recomendaria não oferecer um pagamento muito alto, já que ao ter tudo ao alcance, não permite desenvolver a capacidade de administrar o dinheiro. O segredo é ir sofisticando estes instrumentos para que sejam cada vez mais educativos. Com o advento da tecnologia e da globalização, as finanças estão se tornando cada vez mais sofisticadas e, se você não estiver atualizado, ficará de fora e, como resultado, a diferença de desigualdade aumenta. Além disso, acredito que é particularmente importante confrontar as crianças pequenas com a realidade atual, pouco a pouco, para que elas se familiarizem com o funcionamento do sistema financeiro e estejam preparadas para o futuro.
Natalia de Santiago: “É preciso se ocupar com as finanças, não se preocupar”
Escreveu três livros: “Invierte en ti”, “Invierte con poco” e a saga infantil "M.O.N.E.Y. Academy”, onde refletiu que entender bem do que estamos falando nos empodera como pessoas. O que você quer dizer com essa declaração?
Há clientes que não têm coragem de tirar suas dúvidas na hora de contratar um produto, o que os leva a adquirir um produto que pode não ser o ideal para eles e até mesmo acabar se decepcionando com a empresa. Quando uma pessoa tem consciência de que é capaz de entender essas questões, ela tem um senso maior de controle e capacidade de participar de sua vida financeira, o que aumenta sua autoestima. Muitas vezes, descobrimos que a lacuna se deve à falta de autoconfiança, portanto, precisamos colocar esse conhecimento em prática para nos capacitarmos no mundo das finanças.
Ela diz que há menos mulheres investidoras e que ainda estamos em desvantagem. O que podemos fazer para reduzir a lacuna?
É verdade que há poucos talentos femininos nesse setor, que tradicionalmente é liderado por homens, o que resulta em menor participação e em um aumento da diferença entre os gêneros e, consequentemente, em um agravamento da diferença salarial. A maneira de reduzir essa lacuna é melhorar a educação financeira e dar mais visibilidade às mulheres líderes. As mulheres têm lugar nesse setor e somos absolutamente capazes de fazer isso.
Você sempre menciona a importância de ter uma reserva de emergência e reduzir a proporção de despesas fixas. Por quê?
Ter uma proporção maior de custos fixos lhe dá menos flexibilidade para se adaptar a situações de emergência. Não é ruim ter despesas fixas, o que é ruim é se elas representarem uma proporção muito alta do total, pois será mais difícil cortar esses pagamentos rapidamente em uma situação econômica imprevista. Por exemplo, as dívidas são as menos flexíveis, portanto, tente manter os níveis em uma faixa saudável. Ter uma reserva de emergência lhe permitirá maximizar a tranquilidade e lhe dará mais tempo para se recuperar de imprevistos financeiros.
Como você acha que grandes empresas como a MAPFRE podem continuar contribuindo para melhorar a saúde financeira da sociedade, para torná-la mais eficiente e mais acessível?
É importante que empresas confiáveis como a MAPFRE continuem se comprometendo a promover a alfabetização financeira, oferecendo programas educacionais que busquem melhorar a acessibilidade e reduzir a desigualdade. Por meio de uma ampla gama de conteúdos, como cursos e workshops destinados a funcionários e à sociedade em geral, a alfabetização financeira será aprimorada. Tudo isso permitirá que a sociedade aumente seu nível de confiança para participar mais ativamente da vida financeira, além de ter maior conhecimento nessa área, o que garantirá hábitos saudáveis de poupança e investimento.
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