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SUSTENTABILIDADE| 26.05.2023

Como é a relação entre idosos e tecnologia?

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Saber como os idosos se relacionam com a tecnologia, desmistificar a ideia de que as pessoas com mais de 55 anos não utilizam ferramentas on-line para realizar algumas gestões que hoje consideramos habituais ou valorizar a realidade de um segmento da população, afastando-nos de clichês negativos e do preocupante edadismo que prevalece na nossa sociedade são alguns dos objetivos do Barômetro do Consumidor Sênior, elaborado, novamente, com a ajuda do Google para conhecer os hábitos dos mais de 16 milhões de espanhóis que ultrapassam 55 anos. Entre muitos outros âmbitos, hoje queremos nos deter na relação entre digitalização, tecnologia e esta população considerada não nativa digital.

MAPFRE, Google e Comscore analisam os hábitos digitais da população sênior na Espanha.

É conhecida como lacuna digital a diferença que existe nas competências digitais entre diversos grupos populacionais. Ou seja, a capacidade das pessoas mais velhas no uso da tecnologia é considerada menor que a daqueles chamados nativos digitais por terem podido crescer dispondo de tecnologia que agora é considerada habitual, mas que não era há 40 anos (telefonia móvel, acesso à Internet, bancos on-line e um longo etc.). 

Mas a realidade mudou. Segundo numerosos estudos a pandemia de COVID-19 provocou uma revolução nas competências digitais dos idosos, por razões muito simples de entender. O confinamento e a obrigação de distância social fizeram com que a única maneira de entrar em contato com nossos entes queridos fosse através de vídeochamadas com Zoom, Teams, Meet, Skype e muitas outras. 

Conforme declarou o diretor do Centro de Pesquisa Ageingnomics da Fundación MAPFRE, Juan Fernández Palacios, em uma entrevista com 65YMÁS: “há 20 anos existia um gap digital, mas pouco a pouco foi diminuindo […] O estereótipo do idoso como um analfabeto digital já deve ser banido “. 

Esta Geração Silver passa por seu momento de maior conexão tecnológica até a data. Nós somos uma geração empoderada que, diferentemente das anteriores, nos deixa claro que a idade não implica o desconhecimento dos avanços tecnológicos, mas sim o contrário. Contra qualquer preconceito, a população idosa encontra na tecnologia um aliado fundamental para estar conectado, informar-se, entreter-se e até mesmo uma forma de cuidar da sua saúde e moradia. 

Cada vez mais, estão atualizados e se sentem confortáveis assim. As atividades on-line que os idosos realizam com maior frequência são ler o jornal e se informar através de meios digitais, ver conteúdos multimídia, realizar operações bancárias e escutar podcasts ou o rádio. 

Vejamos alguns exemplos que desmontam mitos criados pelo edadismo sobre os hábitos digitais da população idosa comparada com os mais jovens: 

  • É 30% mais provável encontrar uma pessoa atualizada das últimas notícias de entretenimento através de meios digitais entre os maiores de 55 que no resto das idades. 
  • É 33% mais provável encontrar uma pessoa atualizada com as últimas notícias on-line de política entre os maiores de 55 que no resto das idades. 
  • É 87% mais provável encontrar uma pessoa de 55 ou mais atualizada com as notícias locais on-line que no resto das idades. 
  • É 28% mais provável encontrar leitores digitais de notícias de negócios de 55 + que das demais idades. 

Em perspectiva, desde 2017, o número de idosos digitais dobrou, atingindo onze milhões de usuários na Espanha na coorte de idade estudada, com uso do celular totalmente implementado. Não apenas utilizam a tecnologia para a obtenção de informações, mas se observa um uso extenso de redes sociais, compras on-line, planejamento de viagens e outros, como podemos ver no gráfico seguinte. 

O que acontece para além da Espanha na relação idosos e tecnologia?

Conforme a União Internacional de Telecomunicações (UIT), em 2021, 46% da população mundial de 55 a 75 anos utilizava a Internet, em comparação com 33% em 2016, embora estes números, como é evidente, apresentem diferenças importantes quando analisamos detalhadamente áreas ou países em diferentes momentos de desenvolvimento. 

Nos Estados Unidos, por exemplo, a população acima de 65 anos se encontra em plena expansão. Enquanto no ano 2000 apenas 14% dessa população eram usuários da Internet, hoje em dia essa porcentagem atinge 73% e 53% da população acima dos 65 anos possui um smartphone. 

Esta população prefere envelhecer em sua casa e as tecnologias como Internet of Things, smartphones e outros dispositivos e tecnologias, permitem uma independência maior. 

Entre as residências do Reino Unido, o número destas sem conexão à Internet caiu de 11% para 6% após a pandemia, mas isto significa que, mesmo assim, em um país desenvolvido como este, existem mais de um milhão e meio de residências sem conexão à Internet, principalmente entre a população idosa (especialmente entre a economicamente vulnerável). Apesar desta lacuna, 96% da população do Reino Unido entre 55 e 64 anos usa Internet em casa, bem como 73% da população acima dos 65 anos. Em ambos os grupos etários há um bom conhecimento de ferramentas e métodos de segurança sobre privacidade e possíveis enganos como phising. 

Na América Latina, por outro lado, embora uma análise global seja impossível devido às enormes diferenças sociais entre os países que compõem a região, a lacuna digital é um conceito mais presente e real, dada a realidade dos países em desenvolvimento com uma população em processo de envelhecimento e onde as tecnologias digitais podem ter um profundo impacto na vida das pessoas idosas. Países como Uruguai e Chile tinham, antes da pandemia, cerca de 20% de sua população acima dos sessenta anos entre os usuários da Internet, mas outros países como Honduras ou El Salvador rondava 5%. Esta realidade está mudando com projetos como Conecta Mayor 2,0, finalista dos Prêmios de Inovação Social da Fundación MAPFRE neste 2023, um aplicativo projetado para idosos não digitalizados, que permite reduzir sua lacuna digital e favorecer a autonomia e a integração social. 

Quais são os grandes desafios? 

O uso da Internet e dos aplicativos móveis entre as pessoas idosas, apesar de sua implantação generalizada, também apresenta alguns desafios. Muitas dessas pessoas têm dificuldades para compreender e utilizar as tecnologias digitais, o que pode resultar em uma falta de confiança e segurança no uso da Internet. Além disso, as pessoas idosas podem ser vítimas de golpes e fraudes on-line, o que requer uma educação e conscientização adequadas sobre como se proteger on-line. 

 

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