SUSTENTABILIDADE| 12.05.2022
“Cidades 2030”: a transição para cidades sustentáveis
Há pouco tempo falávamos de Smart Cities e refletíamos sobre os novos modelos de cidades inteligentes nas quais o urbanismo, unido à máxima inovação, devolve as pessoas ao centro. Neste artigo voltamos a nos concentrar nas cidades do futuro e falamos sobre a importância da transformação para urbes climaticamente neutras como o desafio das comunidades do amanhã.
No contexto atual, tanto a nível europeu como nacional, aposta-se em promover cidades mais sustentáveis e climaticamente neutras. Fruto deste paradigma, a Comissão Europeia tem entre seus compromissos prioritários a transformação verde dos ambientes urbanos, e para isso promoveu a Missão cidades inteligentes e climaticamente neutras para 2030. Este projeto aterrissa na Espanha com a ‘CitiES 2030’, uma iniciativa impulsionada pelo Ministério para a Transição Ecológica e o Desafio Demográfico, que conta já com oito cidades aderidas (Madri, Barcelona, Sevilha, Valência, Soria, Valladolid, Vitoria-Gasteiz e Saragoça) e que aspira a converter-se no impulso principal da transformação econômica e social que deverão abordar as cidades europeias para conseguir a transição ecológica.
Como se definem as cidades sustentáveis?
As cidades do mundo ocupam unicamente 3% do território mundial, mas representam 75% das emissões de carbono. A este risco climático soma-se uma urbanização acelerada, que traz numerosas dificuldades, como a falta de infraestruturas e o crescimento urbano descontrolado, que está exercendo pressão sobre os fornecimentos de água doce, as águas residuais, o ambiente de vida e a saúde pública.
Considerando que são um dos focos mais ativos na poluição atmosférica, as cidades têm um papel fundamental na luta contra a mudança climática podendo converter-se em líderes na transição energética para um desenvolvimento baixo em carbono baseado na eficiência e nas energias renováveis.
E é aqui onde entra o papel do que conhecemos como cidade sustentável. Uma cidade sustentável é aquela que é capaz de integrar os espaços verdes no meio urbano e reduzir as emissões de CO2 para melhorar a qualidade do ar, também é a mesma que fomenta o uso de energias renováveis e a que é capaz de implementar com sucesso a mobilidade sustentável e o uso eficiente do transporte público e que impulsiona a economia circular entre seus habitantes. Em resumo, uma cidade sustentável é aquela que oferece qualidade de vida a seus habitantes sem pôr em risco os recursos, já que também vela pelo bem-estar das gerações futuras.
Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 11: Cidades Sustentáveis
Desde 2016, 90% dos habitantes das cidades respiravam ar que não atendia às normas de segurança estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o que provocou um total de 4,2 milhões de mortes devido à poluição atmosférica. Mais da metade da população urbana mundial esteve exposta a níveis de poluição do ar ao menos 2,5 vezes mais altos que o padrão de segurança.
Fruto desta situação, em 2015 a Assembleia Geral da ONU adotou a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, um plano de ação a favor das pessoas, do planeta e da prosperidade. Esta Agenda 2030 estabelece 17 Objetivos com 169 metas de caráter integrado e indivisível que abrangem as esferas econômica, social e ambiental. Entre os 17 objetivos, encontramos o número 11: conseguir que as cidades sejam mais inclusivas, seguras, resilientes e sustentáveis.
Além disso, entre seus objetivos também quer conseguir o acesso de todas as pessoas a moradias e serviços básicos adequados, proporcionar acesso a sistemas de transporte seguros, acessíveis e sustentáveis e melhorar a segurança rodoviária, aumentar a urbanização inclusiva e sustentável, reduzir o impacto ambiental negativo per capita das cidades, prestando especial atenção à qualidade do ar e à gestão dos dejetos municipais e proporcionar acesso universal a áreas verdes e espaços públicos seguros, inclusivos e acessíveis.
Cidades Sustentáveis 2030
Como mencionávamos anteriormente, as cidades estão no epicentro de grande parte dos desafios e das soluções em matéria de sustentabilidade a nível global. No âmbito deste paradigma, a Forética lançou a segunda edição da iniciativa Cidades Sustentáveis 2030, em que participam um total de 23 empresas e entidades, entre as quais se encontra a MAPFRE, e que tem o objetivo de potencializar a ação empresarial para a transformação em cidades climaticamente neutras, com foco na mobilidade sustentável e na colaboração público-privada como alavancas-chave para impulsionar esta transição.
“As cidades, como grande epicentro de geração de emissões de gases do efeito estufa –quase 80% de emissões diretas e indiretas– e consumo de recursos e energia –cerca de 75% a nível global–, convertem-se em um dos pontos fundamentais para fazer frente à crise climática global“, explica a diretora de Projetos e Serviços da Forética, Ana Herrero.
Neste contexto, o setor privado tem um papel fundamental na hora de oferecer soluções sustentáveis e alinhá-las aos compromissos e as necessidades das administrações públicas locais, para que estas últimas possam continuar avançando nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 e, concretamente, o ODS 11 para impulsionar a contribuição das empresas no desenvolvimento de um modelo de cidade resiliente, segura, inclusiva e sustentável. A iniciativa procura, portanto, avançar na compreensão e integração por parte das empresas de enfoques e ações estratégicas vinculadas à sustentabilidade das cidades de uma perspectiva ASG. A sigla ASG faz referência à tomada de decisões empresariais seguindo critérios Ambientais, Sociais e de bom Governo, também conhecidos por suas siglas em inglês ESG (Environmental, Social & Governance).
Colaboração através de alianças com todos os implicados
“Para impulsionar a descarbonização das cidades é fundamental o estabelecimento de alianças com os diferentes grupos de interesse presentes nos ambientes urbanos e o impulso da colaboração público-privada para resolver os desafios vinculados à sustentabilidade. Por isso, no âmbito desta iniciativa, promovemos espaços de diálogo entre representantes de prefeituras e as empresas e organizações participantes para conversar sobre os desafios e oportunidades da neutralidade climática nas cidades, assim como sobre os mecanismos de colaboração”, afirmou Julia Moreno, manager do projeto Cidades Sustentáveis 2030 da Forética.
“Além disso, nesta segunda edição aprofundaremos sobre as tendências mais destacadas em matéria de mobilidade sustentável, a partir de diferentes enfoques, como instrumento fundamental para contribuir para a luta contra a mudança climática nas cidades”, conclui.
Como aliados, fazem parte da iniciativa a nível global o World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), a nível nacional o Congresso Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), e a nível local o projeto Madrid Nuevo Norte e a associação Madrid Capital Mundial da Construção, Engenharia e Arquitetura. Também, a Forética mantém alianças estratégicas com encontros de relevância internacional neste âmbito como a Smart City Expo World Congress ou o Fórum das Cidades, em suas diferentes edições.
O encontro empresarial organizado no âmbito da iniciativa Cidades Sustentáveis 2030 permitiu às empresas dialogar sobre a ambição das cidades em matéria climática, os desafios e as oportunidades de alcançar estes compromissos e o papel fundamental do setor privado no avanço para a descarbonização das cidades.
Enfrentar o desafio da transição para cidades mais sustentáveis passa por procurar soluções e novos modelos de planejamento urbanístico que coloquem o cidadão em destaque para fomentar cidades mais verdes, frear a mudança climática e por sua vez, melhorar a qualidade de vida das pessoas. É de vital importância, portanto, melhorar a gestão urbana para que estes espaços sejam mais seguros, resilientes, inclusivos e sustentáveis, tal como pede o Objetivo 11 da Agenda 2030.
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