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CORPORATIVO| 01.03.2024

Nova norma europeia Euro 7: como serão nossos próximos carros?

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As autoridades europeias estão dando os últimos passos em direção a uma nova norma sobre as emissões poluentes dos veículos, que chegará em plena transição para a mobilidade elétrica, por isso sua aplicação pode influenciar em como os fabricantes e os consumidores vão enfrentar um futuro que ainda apresenta incertezas.

Os veículos serão mais caros? Consumirão menos? Nós lhe contamos os aspectos mais relevantes da norma Euro 7 com os especialistas do CESVIMAP, o laboratório de mobilidade da MAPFRE.

A última proposta da norma Euro 7 é um acordo entre a Comissão e o Parlamento europeus, após anos de debate. Esta redação, ainda pendente de sua aprovação definitiva, tentou alcançar um equilíbrio em suas exigências entre os objetivos meio ambientais e climáticos e a realidade do setor automotivo. Por exemplo, enquanto inicialmente se considerava que entrasse em vigor em julho de 2025 para veículos leves (carros de passeio e furgões) e em 2027 no caso dos veículos pesados (caminhões e ônibus), finalmente será em 2027 e 2029, respectivamente.

Este equilíbrio entre ambição e realismo é explicado, em grande parte, pelo custo de desenvolvimento e implementação de novas tecnologias que permitem que os veículos sejam mais eficientes e menos poluentes.

  • Por um lado, esse custo acabaria repercutindo no preço final, e em um setor em que os preços já aumentaram significativamente nos últimos anos, veículos mais caros significariam que menos usuários europeus teriam acesso a eles.
  • Além disso, em um momento em que uma grande quantidade de recursos está sendo destinada à transição elétrica, queremos medir as exigências para o desenvolvimento de novos motores de combustão que, segundo o roteiro da União Europeia, deixarão de ser comercializados em 2035, e porque isso representa um esforço que poderia ser retirado da pesquisa em elétricos.

Com estes fatores em foco, a Europa está caminhando para uma nova regulamentação antipoluição que decidirá como serão os veículos no Velho Continente em um futuro próximo. Esses são alguns aspectos que terão maior impacto entre os cidadãos, analisados por Juan Rodríguez e Juan Carlos Hernández, técnicos da área de Mobilidade CASE do CESVIMAP.

Os preços subirão?

Um aumento dos preços é um cenário mais que provável, explicam Juan Rodríguez e Juan Carlos Hernández, ainda que o impacto será menor porque o setor já tinha feito boa parte do desenvolvimento necessário nos últimos anos. “A norma Euro 6d, em que estamos agora já é muito restritiva, por isso os fabricantes já investiram grandes quantias de dinheiro para cumpri-la”, explicam do CESVIMAP.

A própria proposta para o regulamento Euro 7 prevê que o custo de produção para a indústria aumente entre 357 e 929 euros por veículo a diesel e entre 80 e 181 euros por veículo a gasolina, no caso dos carros de passeio e furgões. Para caminhões e ônibus, o aumento será maior: entre 3.717 e 4.326 euros. “Levando em consideração isto, é muito provável que esse aumento de custos acabe sendo repassado para o comprador final”, opinam os especialistas do CESVIMAP.

Como afetará a transição e a convivência entre veículos de combustão e elétricos?

A União Europeia já estabeleceu uma data para o fim da venda de veículos gasolina, diesel e até mesmo híbridos: 2035. Com o objetivo da eletrificação em um horizonte não muito distante, é previsível que se continue legislando de maneira cada vez mais restritiva em relação aos veículos de combustão, o que “pode levar os fabricantes a deixar de investir no desenvolvimento das tradicionais mecânicas de combustão interna”, apontam em CESVIMAP. Isso levaria a uma oferta menor de carros a gasolina e diesel na década que resta até sua proibição.

No entanto, as próprias autoridades europeias deixaram a porta aberta ao motor de combustão ao admitir para além de 2035 não apenas os carros elétricos, mas também aqueles que, por meio de combustíveis sintéticos, não emitem emissões poluentes. “Os motores tradicionais têm uma vida extra com o surgimento dos combustíveis sintéticos, com o que ainda há um caminho para percorrer”, acreditam no CESVIMAP.

Os novos veículos consumirão menos?

“Embora a Euro 7 faça menção apenas às emissões, é claro que terá repercussões no consumo: se você quer emitir menos, tem que consumir menos”, afirmam os técnicos do CESVIMAP. Por isso, continuará o auge da eletrificação, através de elétricos puros, mas também da hibridação (incluídos os micro-híbridos), com motores elétricos que compensam a potência que se subtrai das mecânicas térmicas.

Esta busca por novas soluções tem a ver com o fato de que, atualmente, é mais difícil conseguir uma redução significativa das emissões — e do consumo — de um veículo diesel ou gasolina, porque as norma anteriores tinham limitado estes aspectos e os carros já são bastante eficientes dentro das possibilidades desta tecnologia.

Também afeta os elétricos: duração das baterias

A norma Euro 7 fixa uma durabilidade mínima das baterias dos veículos elétricos, segundo sua categoria.

Carros de passeio e furgões:

  • 80% de sua capacidade até os 5 anos ou 100.000 km.
  • 72% de sua capacidade até os 8 anos ou 160.000 km.

Caminhões e ônibus

  • 75% de sua capacidade até os 5 anos ou 100.000 km
  • 67% de sua capacidade até os 8 anos ou 160.000 km

Os fabricantes já estão oferecendo uma garantia próxima à que exigirá a Euro 7, embora os carros de passeio sejam os mais afetados pelas suas exigências, já que costumam garantir 70% da capacidade da bateria aos 8 anos ou aos 160.000 km (em vez dos 72% exigidos agora). “Não obstante, e considerando os avanços contínuos no desenvolvimento das baterias de alta tensão, não acreditamos que será um desafio atender essas exigências”, preveem do departamento de Mobilidade CASE do CESVIMAP.

Não é somente o motor que polui: novos objetivos para freios e pneus

Embora as emissões mais importantes de um veículo sejam os gases de escape provenientes da combustão no motor, os freios e os pneus também poluem com a emissão de partículas. Concretamente, estima-se que os pneus constituem a maior fonte de microplásticos para o meio ambiente.

À medida que a eletrificação avança, este tipo de poluição significará um peso maior sobre o total da produzida pelos veículos; as autoridades europeias acreditam que as emissões diferentes das de escape serão, em 2050, cerca de 90% de todas as emitidas pelo transporte rodoviário.

Por isso, a UE coloca agora o foco nos freios e pneus. Os limites de emissões ainda não estão estabelecidos, serão propostos ao longo deste ano pela Comissão Europeia, que deverá estabelecer também o método para sua medição.

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