O mercado de seguros latino-americano se contraiu 12% em 2020 devido à pandemia
O mercado de seguros na América Latina experimentou uma queda de 11,9% em prêmios no ano da pandemia, chegando a 134,361 bilhões de dólares, 57% dos quais foram registrados em Não Vida, e os outros 43% em Vida. Estes dados constam do relatório O mercado de seguros latino-americano em 2020, apresentado pela MAPFRE Economics e editado pela Fundación MAPFRE.
A contração do setor foi motivada principalmente pela evolução do negócio de Vida, com um forte retrocesso no Brasil, México, Chile e Colômbia, assim como pelo efeito da depreciação de suas moedas. Como consequência disso, a participação do mercado de seguros latino-americano no total mundial voltou a se reduzir no último ano, situando-se em 2,1%.
Os prêmios do segmento dos seguros experimentaram um forte retrocesso de -18,7% medidos em dólares (frente a +5,1% em 2019), enquanto os prêmios dos seguros de Não Vida tiveram uma queda de -6,1% (frente a –1,1% em 2019).
Estes retrocessos afetaram praticamente todos os grandes mercados da região da América Latina, sendo o mercado chileno o que mais caiu (-15,3%), seguido do Equador (-5,3%), México (-3,1%), Peru (-2,4%) e Brasil (-2%). No entanto, foram registradas algumas exceções, destacando-se o crescimento de Porto Rico (13,7%) devido ao bom comportamento dos seguros de saúde.
Em 2020, o resultado líquido agregado do mercado de seguros na região situou-se em 9,316 bilhões de dólares, o que representa uma queda de 30,1% em comparação com o ano anterior.
Tendências estruturais
O relatório elaborado anualmente pela MAPFRE Economics também tem como objetivo a revisão das principais tendências estruturais subjacentes ao crescimento da atividade, como a penetração (prêmios em relação ao PIB), densidade (prêmios per capita, neste caso medidos em dólares) e o aprofundamento do seguro (relação entre os prêmios dos seguros de Vida em comparação com os prêmios totais).
Neste sentido, de uma perspectiva de médio prazo (2010-2020), observa-se que se produziu um aumento da penetração de 0,7 pp (em termos de PIB), o que supõe um incremento muito significativo em relação à anterior medição. Para isso contribuíram, sem dúvida, a forte contração do PIB em 2020 devido à pandemia, e a resistência mostrada por algumas linhas do negócio dos seguros de grande peso na região, particularmente no ramo de Saúde.
Além disso, o relatório analisa a Brecha de Proteção do Seguro (BPS), que representa a diferença entre a cobertura de seguros, que é economicamente necessária e benéfica para a sociedade, e a quantidade dessa cobertura efetivamente adquirida. A estimativa de BPS para o mercado segurador latino-americano foi de 206.000 milhões de dólares em 2020, 16,7% a menos do que no ano anterior. Além disso, a determinação da BPS permite medir o mercado potencial de seguros na região ou o tamanho do mercado que pode ser alcançado com o desaparecimento dessa brecha. Desta maneira, o mercado potencial de seguros na América Latina em 2020 (a soma do mercado de seguros real e da BPS) esteve em 340,4 bilhões de dólares, o que significa 2,5 vezes o mercado atual na região.