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SAÚDE| 07.04.2022

O ambiente influencia de forma decisiva a saúde das pessoas

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Pelo Dia Mundial da Saúde entrevistamos a Dra. Cristina Martínez, pneumóloga e coordenadora da área de meio ambiente da Sociedade Espanhola de Pneumologia e Cirurgia Torácica (SEPAR), que nos explicará seu ponto de vista nestas questões.

Este ano, sob o lema “Nosso planeta, nossa saúde”, a OMS pretende pôr o foco nessa reflexão na comemoração do Dia Mundial da Saúde. Ser conscientes de como nossas decisões pessoais, comerciais e políticas não só afetam ao meio ambiente e o clima, mas acabam afetando nosso bem-estar e saúde individual, através do ar que respiramos, a água que bebemos e muitos outros fatores.

Saúde e meio ambiente, estreitamente relacionados

CRISTINA MARTINEZPodemos afirmar que os efeitos da mudança climática na saúde humana são inequívocos e já se percebem em todo o mundo. Hoje em dia sabemos que a saúde humana é inseparável da saúde do planeta. Há uns anos crescem os fenômenos climatológicos extremos como as ondas de calor e de frio, as enchentes, as secas, as tormentas e outros episódios que afetam direta e indiretamente nossa saúde. De fato, a OMS calcula que, todo ano, se produzem mais de 13 milhões de defunções devidas a estas causas. A mesma organização lembra que a crise climática é no momento a maior ameaça para a saúde a que tem de fazer frente a humanidade. A crise climática é também uma crise de saúde.

A pandemia de COVID-19 mostrou os dois lados da moeda. Por um lado, demonstramos a capacidade curativa da ciência, mas, infelizmente, também colocou em evidência as desigualdades do mundo. A crise do coronavírus tornou patente a importância de formar sociedades do bem-estar sustentáveis e comprometidas com uma saúde mais equitativa, tanto para a sociedade atual como para a do futuro.  

A OMS aproveita esta efeméride para chamar a atenção do mundo para as medidas urgentes que se devem tomar para manter a saúde da humanidade e do planeta e incentivar uma mudança para que as sociedades se preocupem com o bem-estar, consigo mesmas e com o seu ambiente.   

A poluição atmosférica afeta nossa saúde e o planeta

A poluição atmosférica é uma das principais causas de morte no mundo, segundo dados da OMS todo ano morrem por volta de 7 milhões de pessoas devido à poluição atmosférica. 

  1. O lema do Dia Mundial da Saúde em 2022 é “Nosso planeta, nossa saúde”. O que acha da interrelação entre a saúde do planeta e a saúde das pessoas?

Nosso planeta e nossa saúde têm uma relação íntima, isto é, há uma relação muito estreita entre a saúde das pessoas e a do planeta. Não é possível manter nossa saúde se estivermos respirando um ar poluído e bebendo uma água em mau estado.

“O ambiente influi de uma forma decisiva na saúde das pessoas.”

  1. Como pneumóloga, você pode nos explicar como a poluição afeta a saúde respiratória das pessoas? De que maneira a qualidade do ar que respiramos afeta a saúde?

Durante o ato de respirar, introduzimos 50 ml em cada respiração e respiramos umas 15 vezes por minuto, portanto, estamos introduzindo uma quantidade relevante de ar em nosso organismo que, quando contém poluentes, afeta de forma importante a nossa saúde. Respirar um ar de qualidade sem poluentes é fundamental para manter a saúde respiratória e nossa saúde em geral.

  1. Pode-se concluir que são mais afetados os que vivem em grandes cidades que os que vivem em zonas rurais? Na sua opinião, que tipo de medidas melhorariam esta situação?

Uma das maiores emissões de poluentes ocorre por meio do tráfego das grandes cidades, portanto, as pessoas que vivem nas grandes cidades são mais afetadas pelos poluentes que as que vivem em zonas rurais com muito pouco tráfego. De qualquer maneira, a poluição não tem fronteiras como pudemos observar com a intrusão do ar saariano na península há poucas semanas.  

  1. Você considera que, durante estes dois anos devido à pandemia, utilizar máscara de maneira obrigatória, melhorou a saúde das pessoas com relação às doenças respiratórias?

A maioria das doenças respiratórias infecciosas, fundamentalmente víricas, transmitem-se por via aérea, por aerossóis no ar, de pessoa a pessoa. O fato de usar máscaras limitou muito essa transmissão. Portanto, melhorou muito a incidência de doenças respiratórias com uma diminuição da transmissão. O uso de máscara é uma boa ferramenta que uma vez passada esta situação de COVID se deve manter como instrumento de defesa frente a determinadas situações, como picos de contaminação, aumento de incidência de doenças respiratórias, de assistência a lugares com multidão de pessoas. Seu uso nestas ocasiões ajuda a melhorar a saúde respiratória, sobretudo dos doentes respiratórios crônicos.  

  1. No ano passado, a SEPAR (Sociedade Espanhola de Pneumologia e Cirurgia Torácica) dedicou o Ano SEPAR à qualidade do ar, ao meio ambiente e à saúde. Desenvolveram-se diferentes atividades de divulgação e sensibilização encaminhadas à melhoria da qualidade do ar destacando os riscos que há na mudança climática e a necessidade do cuidado do meio ambiente para a prevenção das doenças respiratórias e para o aumento da qualidade de vida de todos os cidadãos. Que contribuições podem ser destacadas neste ano dedicado aos riscos da mudança climática em nossa saúde?

As principais contribuições do ano SEPAR foram o cumprimento de seus objetivos, que é difundir, divulgar e sensibilizar as pessoas sobre a importância e a relevância da qualidade do ar para manter a saúde em geral e a saúde respiratória em particular. Em geral, também foi a diminuição de forma notória do número de negacionistas.  

  1. Que pequenos gestos podemos fazer para melhorar o ar que respiramos?

“Todos podemos fazer pequenos gestos que contribuam para melhorar a qualidade do ar”.

Um deles é diminuir a emissão de poluentes produzidos pelo tráfego, utilizar mais o transporte público, a bicicleta, os passeios, em geral, mobilidade ativa e sustentável. Este comportamento é bom para melhorar a qualidade do ar e ao mesmo tempo para melhorar a saúde das pessoas aumentando seus níveis de atividade física que se relacionam de forma estreita com a saúde das pessoas.  

  1. Por último, que mensagem você gostaria de transmitir à população que está alarmada com a situação da mudança climática?

A mudança climática é uma realidade que afeta a todos, ninguém está a salvo de seus efeitos e devemos conscientizar-nos e cada um fazer sua parte.

Não devemos esperar que as coisas sejam tangíveis para agir. Relembrando o Pequeno Príncipe; “às vezes o essencial é invisível aos olhos”. 

 

Por parte da MAPFRE, queremos agradecer a mensagem da doutora e como já fazemos há mais de 85 anos, ser parte da mudança. Por ocasião do Dia Mundial da Saúde, queremos recordar a importância de cuidar da nossa saúde e do meio ambiente, porque nosso futuro nos estará esperando.