Rhyde, micromobilidade urbana sustentável

As empresas surgidas da universidade contam hoje com uma ampla rede de apoio, mentoria e assessoramento, mas não estão isentas de desafios. Erik Ojantakanen é CEO e cofundador da Rhyde, uma empresa de micromobilidade que aposta na sustentabilidade, recondicionando e habilitando um novo uso de patinetes e bicicletas elétricas, tão presentes como meios de transporte, hoje em dia. Ojantakanen compartilha sua experiência nesta entrevista e nos fala da colaboração com CESVIMAP, como laboratório de mobilidade da MAPFRE Open Innovation, com iniciativas de empreendimento universitário como a sua. O objetivo da Rhyde é que não se atire nem se abandone nenhum veículo, devolvendo-o ao asfalto e conseguindo que a indústria da mobilidade seja o mais circular possível sem perder um ápice de segurança.

Para começar, nós gostaríamos de conhecer um pouco mais sobre você. Você pode nos explicar em que consiste a Rhyde?

A Rhyde é a líder de micromobilidade e recondicionamento na Espanha, (onde –segundo a análise da Guesss sobre o espírito empreendedor dos estudantes universitários, mais de 20% tem intenção de empreender a curto ou longo prazo). Somos uma empresa sustentável com um modelo de negócio totalmente circular: adquirimos patinetes e bicicletas elétricas usadas, as consertamos até deixá-las como novas e as vendemos com os melhores preços. Ao reduzir a necessidade de fabricar veículos novos, compensamos uns 200 kg de CO₂ por cada patinete que vendemos.

Temos uma equipe de mecânicos profissionais trabalhando em nosso escritório em Madri. Graças à nossa colaboração com o CESVIMAP, o Centro de Experimentação e Segurança Rodoviária da MAPFRE, os mecânicos foram treinados na reparação e recondicionamento dos VMP através de um módulo interativo criado pela equipe I&D da MAPFRE.

Nossa proposta de valor é simples: você paga menos e polui menos comprando um patinete da Rhyde, sem comprometer a qualidade nem o serviço. Trabalhamos com as marcas mais conhecidas do mercado e, nos próximos meses, vamos aumentar nosso catálogo para incluir bicicletas elétricas.

Como surgiu a ideia de começar com o projeto?

A Rhyde nasceu para fazer frente à urgente necessidade de mobilidade sustentável. A partir da sua criação há uns 5 anos, a indústria da micromobilidade pretendeu oferecer soluções sustentáveis através de novas e inovadoras formas de deslocamento.

É certo que estes veículos elétricos não poluem quando são utilizados. No entanto, este nível de análise não capta toda a realidade. De fato, os patinetes elétricos de uso compartilhado podem poluir até 3,5 vezes mais por passageiro-quilômetro que os carros elétricos. O principal motivo deste fato é a vida útil curta dos veículos. Aí é onde nós entramos.

Nossa missão é neutralizar o impacto das emissões de carbono da mobilidade urbana aumentando sistematicamente a vida útil dos veículos mediante sua renovação profissional. Abordamos o problema número um da sustentabilidade na indústria da micromobilidade, ao mesmo tempo que oferecemos os preços mais competitivos.

A cada patinete comprado na Rhyde significa que é preciso fabricar um patinete a menos. Nosso objetivo é que não se jogue fora nem se abandone nem um só veículo, mas recondicione-se e “vitalize-se”, fazendo com que a indústria da mobilidade seja o mais circular possível.

E falando de empreendimento, o que significa empreender para você?

Empreender não é nada mais que solucionar problemas existentes. É preciso proporcionar produtos ou serviços que criem mais valor ao consumidor ou que sejam mais baratos que as opções anteriores. No final, definir empreendimento não é difícil, mas cada empreendedor terá seguramente sua perspectiva do que significa para ele ou ela concretamente.

Que conhecimentos e capacidades acredita que devem ter os empreendedores para impulsionar seu negócio?

Um empreendedor deve sentir paixão por sua visão. Sem a atitude adequada será impossível fazer frente aos altos e baixos da atividade empresarial, especialmente na fase inicial. Ter uma visão e convertê-la na realidade não é fácil; precisa-se de coragem, perseverança e capacidade de priorizar e gerenciar pessoas. Todo início tem sua parte boa e sua parte não tão boa.

Nos últimos anos, apareceram muitas startups que surgiram nos corredores e nas salas de aula das universidades. Em seu caso, que ferramentas sua universidade lhe proporcionou na hora de empreender?

Acredito que o mais importante que se aprende na universidade é como enfrentar problemas. Certamente, você também adquire conhecimentos de fundo sobre diversos temas, mas em uma startup seu principal trabalho é resolver os novos problemas que surgem todo dia. Memorizar uma fórmula ou a compreensão teórica de um conceito não resolverá nada por si mesmo.

É preciso abordar os problemas de forma sistemática, incluindo o pano de fundo do problema, identificando as partes interessadas e os temas relevantes e, por último, definindo o problema com clareza. Só então você poderá resolver o problema. Esta é a principal aprendizagem que tenho da universidade: resolver problemas dos quais ainda não se conhecem as respostas.

Se você tivesse que dar só um, que conselho você daria a alguém que não se atreve a dar o passo de empreender?

Permitir-se cometer erros. O empreendimento é um processo interminável de tentativa e erro. Só assim se entende o que funciona e o que não funciona. É preciso aprender com cada erro e seguir adiante. Não seja muito duro consigo mesmo quando as coisas derem errado e reconheça que é uma parte natural do processo empreendedor.

Para terminar, e falar um pouco do que nos proporciona o setor, como você vê o futuro da mobilidade sustentável?

A micromobilidade abarcará 15% da mobilidade urbana até 2030. Isto a transforma em uma indústria de mais de 500 milhões de euros. Só estamos nos primeiros passos da revolução da mobilidade. Todo dia aparecem novas empresas com ideias e produtos inovadores. Eu, pessoalmente, tenho muita vontade de ver onde estaremos em 5 anos.

Para nós o futuro é claro: seguiremos trabalhando para levar o recondicionamento a outro nível dentro da mobilidade. A eletrificação só é uma parte da transição para um planeta sustentável. Também se requer minimizar as emissões ao longo da cadeia de valor, principalmente na fabricação de produtos, e a melhor forma de fazer isso é prolongar a vida útil de cada aparelho.

Na MAPFRE estamos muito orgulhosos em apoiar, com a MAPFRE Open Innovation, startups inovadoras e com um forte compromisso com a sustentabilidade, porque da mesma forma que nós, elas colocam no centro de suas atuações a saúde do planeta e em consequência, a das próprias pessoas. Em conclusão, na MAPFRE inovamos por um presente melhor que dê lugar ao futuro que merecemos.

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