INOVAÇÃO| 27.11.2024
IA generativa e ciberproteção: linhas de atuação para a indústria seguradora
A cibersegurança tem passado por uma evolução sem precedentes nos últimos anos, impulsionada pela crescente digitalização dos negócios, o aumento das ciberameaças e o boom de capacidades como a inteligência artificial (IA) generativa O que começou sendo um diferencial, que as empresas ofereciam para reforçar a confiança, tornou-se um requisito essencial. A indústria seguradora, como parceira das pessoas em diversos aspectos de suas vidas, está adaptando sua oferta a esse novo contexto, desenvolvendo produtos e serviços voltados para ciberproteção.
A inteligência artificial (IA) vem há décadas transformando nossas vidas profissionais e pessoais, ajudando a moldar o mundo em que vivemos. A IA generativa promete seguir o mesmo caminho, com um ritmo de desenvolvimento tecnológico e adoção social e empresarial muito maior.
Esta inovação está sendo adotada rapidamente devido à sua facilidade de uso e à surpreendente qualidade, rapidez e versatilidade dos seus resultados. Entre suas grandes vantagens destaca-se a acessibilidade: somente com um computador, um smartphone ou tablet com acesso à Internet, qualquer pessoa pode utilizar ferramentas muito potentes, diferentemente de outras tecnologias nas quais os aplicativos mais avançados estão limitados a especialistas.
No campo da cibersegurança, a IA generativa adiciona uma nova dimensão. Por um lado, qualquer atacante pode acessar essa tecnologia para romper as barreiras de proteção das empresas. Por outro, as próprias empresas podem utilizá-la como uma ferramenta de defesa.
O uso da IA generativa é tão amplo e flexível que o diferencial está no modo como é utilizada. Esta tecnologia abre as portas para a criação de malware indetectável, a geração de deepfakes para fins de ciberbullying, a implementação de ataques de phishing com linguagem natural e a capacidade de suplantar identidades, entre outros. Seu uso em massa também aumenta as possibilidades de filtragem de dados sensíveis, levando em consideração o alto volume da sociedade que utiliza a IA generativa – e que continuará a utilizá-la – pôr ênfase nesta proteção parece fundamental.
A indústria seguradora desempenha um papel fundamental neste contexto. Em primeiro lugar, como qualquer atividade econômica, é necessário contar com medidas de cibersegurança adequadas para mitigar possíveis ataques, tanto para o benefício do negócio quanto para proteger os clientes e suas informações. Em segundo lugar, como parceira das pessoas em diversos aspectos de suas vidas, é essencial adequar sua oferta, desenvolvendo novos produtos e serviços de ciberproteção que não apenas respondam às consequências de um ataque, mas também auxiliem os clientes em atividades de prevenção.
O impacto da IA generativa na ciberproteção
O relatório da MAPFRE Explorando o amanhã: o papel das seguradoras em uma sociedade marcada pela IA generativa traça quatro cenários possíveis sobre o impacto desta inovação na cibersegurança como consequência de seu uso na sociedade. Embora estes cenários apresentem realidades extremas, apontam as tendências determinantes que marcarão a evolução do setor no final desta década.
Entre as principais conclusões, o relatório destaca a importância de adotar uma estratégia proativa e colaborativa para abordar os desafios que a IA generativa propõe. As seguradoras deverão se concentrar em três linhas de ação principais:
- Fortalecimento dos sistemas defensivos baseados em IA, que permitam não só reagir aos ataques, mas também preveni-los de forma antecipada.
- Educação e conscientização dos clientes, para que entendam o papel da cibersegurança em suas operações diárias.
- Criação de novos produtos e serviços adaptados aos riscos emergentes, como seguros que incluam cláusulas específicas para mitigar os efeitos de ataques realizados com ferramentas de IA generativa.
Colaboração como um pilar estratégico
A colaboração se destaca como um pilar determinante para garantir o melhor futuro possível.
Na MAPFRE mostramos um exemplo claro desta estratégia ao nos aliarmos com startups como a Cyberwrite. Esta união permitiu desenvolver soluções personalizadas que ajudam as empresas, especialmente PMEs, a compreender e gerenciar seus riscos de maneira mais eficiente.
Especificamente, a Cyberwrite fornece à MAPFRE uma plataforma de análise de ciberriscos para pequenas e médias empresas, com o objetivo de obter um conhecimento mais preciso sobre os riscos no momento da subscrição e renovação do ciberseguro. Graças aos resultados, na MAPFRE podemos conhecer o nível de risco de cada PME e ajudá-la a tomar as medidas necessárias para remediar suas vulnerabilidades ou ajustar as condições do ciberseguro para conseguir a melhor proteção possível.
“Para uma PME, um ciberataque pode ser catastrófico; na MAPFRE queremos acompanhar essas empresas em sua estratégia de ciberproteção e minimizar o impacto que os riscos possam ter em seu negócio. Tendo acesso sob demanda às análises, podemos entender muito melhor o risco associado à companhia e oferecer produtos e serviços de acordo com suas necessidades reais”, comenta Óscar Taboada, Head of Underwriting Europe & Head of Cyber na MAPFRE RE. “Com este projeto damos um salto adiante em matéria de avaliação, monitoramento e controle de ciberrisco, obtendo insights que para as equipes são de grande utilidade para uma boa tomada de decisões“, acrescenta.
Quais são as principais linhas de ação da década?
A expansão da IA generativa propõe um desafio sem igual na segurança de dados e sistemas, dado o aumento na sofisticação de ciberataques. Este potencial de engano não está restrito apenas a entidades criminosas, mas se torna relativamente acessível para qualquer indivíduo.
Frente a este panorama, as empresas demandarão maior proteção por meio de seguros com coberturas adequadas e serviços voltados para prevenir, detectar, responder e recuperar sistemas após ataques cibernéticos. Além disso, os particulares terão uma demanda crescente por produtos e serviços orientados à segurança, que abrangerão todos os membros da família. Neste contexto, a conscientização e o treinamento no uso responsável da tecnologia serão fundamentais para enfrentar a avalanche de novos ataques.
Em cenários mais extremos, a IA generativa poderia facilitar a criação de ativos digitais altamente personalizados, como assistentes virtuais treinados para oferecer atendimento hiperpersonalizado ou identidades digitais (ex. animais de estimação virtuais) com grande valor para seus proprietários. Este panorama poderia impulsionar a demanda de produtos e serviços projetados especificamente para proteger estes ativos, incluindo medidas para proteger suas vulnerabilidades, prevenir manipulações e usos fraudulentos, bem como seguros contra roubo ou destruição de tais ativos.
Preparar-se para o futuro não é apenas uma questão de sobrevivência empresarial: também representa uma oportunidade para liderar em uma sociedade marcada pela transformação digital. Em um mundo onde a cibersegurança e a ciberproteção são requisitos essenciais, as seguradoras desempenham um papel fundamental para garantir a estabilidade e a confiança nos mercados e junto aos seus clientes.
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