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INOVAÇÃO| 04.07.2024

O emprego de gêmeos digitais no setor segurador

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Imagine que sua seguradora lhe ofereça uma apólice de automóvel 100% adaptada às suas necessidades e perfil de risco. Que se lembre de como você dirige, de quanto usa o carro e de quais rotas você faz. Não é preciso imaginar muito: isto já é possível graças aos dados, à IA e aos gêmeos digitais.

Vivemos em um momento em que a tecnologia redefine continuamente os limites do possível. Neste sentido, os "gêmeos digitais" estão se consolidando como uma solução revolucionária com um enorme potencial transformador em inúmeros setores, incluindo o segurador. Utilizando dados em tempo real, modelos avançados e aprendizagem automática, os gêmeos digitais facilitam a tomada de decisões informadas e melhoram a gestão de riscos.

Os gêmeos digitais são especialmente atraentes para o setor dos seguros, já que facilitam a execução de processos-chave como a avaliação precisa de riscos, a gestão otimizada de reclamações ou a personalização de apólices. Além disso, esta tecnologia permite simular cenários complexos de risco (por exemplo, condições meteorológicas extremas), permitindo às seguradoras compreender melhor as vulnerabilidades e adaptar proativamente seus produtos e serviços.

Neste sentido, o investimento em gêmeos digitais experimentou um aumento considerável. Segundo dados recentes do setor, chegou a vários bilhões de euros em 2022 e com expectativas de crescimento sustentado até 2030.

Vantagens dos gêmeos digitais no setor segurador

No setor segurador, poder antecipar cenários e realizar simulações é determinante. Neste sentido, os gêmeos digitais são uma poderosa ferramenta para a simulação de eventos extremos. Graças à sua capacidade para modelar digitalmente o ambiente real, as equipes de dados e tecnologia podem analisar situações de grande complexidade, como catástrofes naturais ou acidentes de trânsito. Desta maneira, as seguradoras podem prever as consequências destes eventos e desenvolver estratégias proativas para mitigar seus impactos.

No que diz respeito à personalização das apólices dos seguros, esta tecnologia tem um impacto direto na hora de oferecer um melhor serviço aos clientes e gerenciar seus riscos de maneira mais eficiente. Partindo dela e criando sinergias com outras soluções, como a análise de dados ou os sistemas de informação geográfica, é possível coletar e analisar dados detalhados sobre os segurados e seus ambientes, o que permite criar réplicas virtuais precisas e dinâmicas dos riscos aos quais estão expostos e agir de acordo.

Outra vantagem do emprego de gêmeos digitais encontra-se na criação de perfis de usuário com grande precisão. Utilizando informação de diversas fontes, como dados de comportamento obtidos de dispositivos conectados (IoT), histórico médico, hábitos de direção ou condições de moradia, os gêmeos digitais podem construir um perfil detalhado de cada segurado. Este perfil, além de refletir o risco atual, pode atualizar e ajustar este risco em tempo real à medida que mudam as condições ou os comportamentos do segurado.

Graças a estes perfis detalhados, as seguradoras têm a capacidade de oferecer apólices que se ajustam precisamente às necessidades individuais e ao perfil de risco de cada cliente. Por exemplo, no caso de um seguro de carro, o gêmeo digital poderia considerar fatores como a frequência de uso do veículo, os hábitos de direção e as rotas comuns para oferecer uma tarifa de seguro personalizada que reflita o risco real de maneira mais precisa que o obtido mediante métodos tradicionais.

Esta personalização beneficia os clientes – recebem ofertas mais ajustadas às suas necessidades e potencialmente mais econômicas -, mas também permite às seguradoras otimizar sua carteira de riscos. Ao ajustar as apólices para refletir os riscos reais de maneira mais precisa, as seguradoras podem evitar a superexposição a reclamações de alto risco e melhorar a rentabilidade.

Um exemplo de aplicação dos gêmeos digitais é encontrado no CESVIMAP, o centro de P+D da MAPFRE. Em colaboração com SIMULYTIC, startup pertencente ao grupo Siemens, este centro emprega gêmeos digitais para simular diferentes cenários e avaliar o risco potencial dos veículos a motor. A iniciativa permite avaliar riscos reais trabalhando em um metaverso, bem como reduzir gastos e tempos de comercialização nos níveis mais avançados da direção autônoma.

“Um dos aspectos mais significativos da gestão de sinistros em veículos é a necessidade de determinar sua causa; torna-se imperativo saber como aconteceu o acidente;, comenta José Antonio Maurenza, responsável pelo departamento de reconstrução de acidentes de trânsito na CESVIMAP. “Para isso, como centro de P+D da MAPFRE, recorremos aos gêmeos digitais, empregando tecnologia laser (scanner laser 3d), dispositivos móveis com sensores lidar, drones e fotografias para construir esse gêmeo. Com eles podemos trabalhar em áreas de baixa visibilidade – como em garagens se ocorreu um incêndio – e gerar simulações que nos permitem mostrar de maneira fidedigna o acontecimento analisado“, acrescenta.

Qual é o impacto que eles têm sobre a sustentabilidade?

Os gêmeos digitais estão revolucionando a sustentabilidade no setor segurador, já que facilitam a adoção de práticas mais sustentáveis e o cumprimento dos critérios ambientais, sociais e de governança (ESG). Esta tecnologia permite às seguradoras simular e prever o impacto ambiental de suas atividades, ajustar as apólices para fomentar práticas sustentáveis e otimizar o uso de recursos, reduzindo assim a pegada de carbono.

Estes critérios ESG – que avaliam as práticas éticas e sustentáveis na gestão empresarial – assumem cada vez mais protagonismo na indústria. Neste sentido, os gêmeos digitais proporcionam ferramentas de grande valor para medir e administrar estes aspectos, conseguindo que as companhias de seguros cumpram melhor com as expectativas tanto de reguladores como de investidores e consumidores. 

Definitivamente, os gêmeos digitais já desempenham – e continuarão desempenhando – um papel determinante no âmbito segurador. A capacidade de simular e prever com precisão cenários complexos permitirá que o setor responda proporcionalmente aos sinistros e, acima de tudo, gerencie-os de forma mais proativa, criando assim um impacto positivo na economia e na sociedade.

 

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