INOVAÇÃO| 02.06.2022
Como as novas tecnologias ajudam na medicina de emergências
Drones que transportam desfibriladores e classificam as vítimas de um acidente. Realidade virtual para simular emergências. Dispositivos portáteis para diagnósticos precisos e apps que ajudam em emergências. As tecnologias emergentes acompanham e salvam vidas. A MAPFRE lançou MiA (MAPFRE Intelligent Assistance), um app de assistência que não requer download e permite administrar emergências em viagem. Savia, a plataforma de serviços de saúde digital da MAPFRE, oferece também um chat médico disponível durante 24 horas, todos os dias da semana.
Em 1854 o doutor John Snow revolucionou os estudos epidemiológicos. Seu consultório estava no bairro londrinense do Soho, no epicentro de um dos surtos de cólera mais graves que viveu a Inglaterra: faleceram mais de 700 pessoas. Snow fez uma coisa muito simples, comprar mapas da região e anotar cada um dos falecimentos. Assim pôde situar os pontos de maior incidência e demonstrar onde estava o foco, uma bomba de água em Broad Street.
O médico utilizou esse emaranhado de informações para convencer as autoridades a agir. Observou e analisou aquelas notas e conseguiu deter a epidemia. Hoje, na era digital, ninguém nega que o big data (macrodados) e outras tecnologias emergentes melhoram o atendimento dos pacientes e o sistema de saúde.
Desde aquela ocorrência do doutor Snow aconteceram muitas coisas e rápido demais. A medicina agora utiliza algoritmos, inteligência artificial, assistentes virtuais, robôs, drones, dispositivos portáteis, simuladores ou realidade virtual. Especialmente nas urgências e emergências médicas, onde um diagnóstico rápido e certeiro é chave. Neste ramo da saúde, que atende aquelas patologias urgentes fora de um centro sanitário – de um acidente de tráfego até um desastre natural –, o valor agregado da tecnologia não se questiona.
Inteligência artificial contra os desastres e fomes
A inteligência artificial (IA), por exemplo, possibilita antecipar-se a determinados tipos de emergência. Avaliar previamente dados sobre conflitos armados, fomes ou desastres naturais vinculados com a mudança climática permite aos algoritmos estabelecer tendências e padrões essenciais para abordar uma urgência sanitária ou humanitária com maior eficácia. Na Índia, há três anos, foram empregados algoritmos para prevenir a mortalidade infantil. E era fácil. O pessoal médico das regiões mais isoladas gravava um breve vídeo dos recém-nascidos com um smartphone. Essas imagens, reconhecidas e analisadas por uma IA, determinam o tipo de ajuda que precisam esses bebês.
O drone como ferramenta sanitária
Muitas das esperanças nas novas tecnologias recaem sobre essas naves não tripuladas que chamamos drones. O que há pouco tempo eram ensaios, hoje começam a ter um sentido real. Um exemplo é Ruanda, país montanhoso da África oriental onde a maioria vive em pequenos núcleos rurais isolados. Em 2016, o governo ruandês assinou um contrato com a startup californiana Zipline para que drones autônomos transportem bolsas de sangue até regiões afastadas. Hoje, a empresa dispõe de duas centrais de onde se podem fazer até 500 entregas diárias.
Economizar tempo é um salva-vidas. Somente é preciso imaginar uma mãe de primeira viagem com uma hemorragia ou uma criança com anemia provocada pela malária. Um grupo de pesquisadores avaliou o projeto: de mais de 12.000 pedidos em 32 meses, a diferença de tempo entre um veículo a motor com rodas e um drone varia entre os 3 minutos e os 211 minutos, sempre a favor da nave aérea e dependendo da distância e do terreno.
Na Europa, o serviço de emergências sueco (EMADE, por sua sigla em inglês) também provou com sucesso o uso de drones. Em dezembro passado, um vizinho de 71 anos do município de Trollhättan desmaiou na rua por causa de um infarto. Enquanto um médico que passava por ali tentava reanimá-lo, sua mulher chamou o EMADE. Em menos de quatro minutos chegava voando um drone da companhia Everdron que portava um desfibrilador externo automático. O cidadão sueco salvou a vida. Por volta de 275.000 europeus sofrem uma parada cardíaca por ano.
Projeto de triagem pioneiro no mundo
Um projeto pioneiro no mundo conseguiu desenvolver um algoritmo de triagem e incorporá-lo a um drone para classificar do ar as vítimas de um acidente. A empresa espanhola eMedicalDron e CuiDsalud, grupo de investigação da Universidade de Jaén, já realizaram simulações. “Os drones nos oferecem informação determinante para apoiar nossa tomada de decisões em situações muito complexas. A informação é inteligência. Nossa ideia é que o drone se torne uma ferramenta que permita certo tipo de diagnóstico, averiguar o que ocorre com cada paciente antes de que os sanitários cheguem no local,” explicam para a MAPFRE Chema López Hens e Sixto Cámara, médico e enfermeiro especialistas em emergências e responsáveis pela eMedicalDron.
Este primeiro sistema de triagem aéreo e remoto com drones, pode chegar mais rápido e facilmente a determinadas paragens, proporcionar dados para liberar vias de acesso ao lugar, classificar com cores – segundo a gravidade – a cada vítima, verificar se há feridos potencialmente mortais…, “o drone pode ser capaz de medir à distância as constantes, os parâmetros clínicos como a frequência cardíaca, respiratória, saturação de oxigênio, etc. Dados imperceptíveis para o olho humano e que nos ajudarão a tomar melhores decisões em menos tempo”, comenta Chema López.
Realidade virtual e simulação para salvar vidas
Miguel Ángel Rodríguez Florido, doutor em Tecnologia das Telecomunicações e afiliado à Universidade de Las Palmas de Gran Canaria através da Cátedra de Tecnologias Médicas da mesma Universidade, assegura que a principal barreira para a implementação das soluções tecnológicas “não é tanto a capacidade tecnológica quanto a cultural. Muitos médicos, quando não estão acostumados a manejar estas tecnologias, perdem a sensação de controle. Vimos isso com a realidade virtual, imprescindível para recriar ambientes e situações de emergência.”
Rodríguez Florido se dedica a ensinar ao pessoal sanitário como dirigir as tecnologias sanitárias. Eu explico com um símile automobilístico, uma vez que sabem dirigir, que conhecem as características e restrições do carro, a qual velocidade podem ir e em que tipo de circuito, então as ferramentas tecnológicas têm valor”, assegura.
“A tecnologia – explica para a MAPFRE – nunca substitui o profissional, mas resolver problemas no ambiente virtual pode ajudar na realidade física. Médicos e enfermeiros podem interagir com som e imagem em recriações de situações de estresse e primeiros socorros durante erupções de vulcões ou outros desastres naturais, em acidentes e resgates. Com o big data e a IA aprende-se, corrige-se e podem antecipar-se”.
Uma das tecnologias que mais avançaram são as de simulação de treinamento in vitro, esses manequins para treinar que todos vimos nas notícias e que evoluíram muito nos últimos anos. Ao princípio eram bonecos inertes que se podiam abrir para fixar um ponto de sutura ou espetar um medicamento. “Agora, por exemplo, há braços com sensores que permitem controlar todos os parâmetros, até onde entra a agulha, como afeta o organismo e como reage a um fármaco”, comenta Rodríguez Florido.
Dispositivos de diagnóstico portáteis
Se há ferramentas indispensáveis nos trabalhos de emergência são os dispositivos de diagnóstico portáteis. Agora, a maioria das unidades móveis dispõem de ecógrafos para uma avaliação rápida, analisadores de gases sanguíneos (hemogramas) para análises, respiradores de última geração. “O problema é que não dispomos de tecnologia ainda para estar interligados com as unidades hospitalares e poder ver em tempo real o paciente a partir do centro sanitário”, comenta Ricardo Delgado Sánchez, enfermeiro de emergências e coordenador da secretaria de emergências da SEMES (Sociedade Espanhola de Medicina de Urgências e Emergências).
Delgado é consciente de que a imensa maioria das urgências extra-hospitalares tem de ver com maior população e patologias que surgem na via pública (traumatismos, paradas cardíacas, acidentes menores, etc.). Segundo dados do SEMES, “na Espanha somente entre 8% e 10% das chamadas ao 112 são emergências reais que não podem demorar. A tecnologia que aproveita os macrodados – os sistemas de saúde são uma máquina contínua de recompilar e gerar dados –, a telemedicina, o monitoramento de informação ou os bots de assistência poderiam ajudar a priorizar as demandas assistenciais”.
Outro dos dispositivos mais eficazes são os denominados PoCUS (Point of Care Ultrasound), pequeno ecógrafo sem fio que utiliza ultrassons para diagnosticar doenças em um lugar afastado de um hospital ou em uma ambulância. Através de imagens de alta definição – sem empregar a radiação –, o médico pode tomar decisões precisas em pacientes em estado crítico.
Apps para diagnóstico e assistência em viagens
Já funcionam também apps desenhadas para o pessoal sanitário com todas as informações básicas para saber como agir diante da vintena de situações de emergência médica mais comuns em voos comerciais, e outras para que a tripulação de cabine possa conectar com médicos que os orientem em momentos delicados durante a viagem.
A MAPFRE é uma das grandes companhias seguradoras que, da mão da tecnologia, soube adaptar-se às emergências em saúde que podem surgir nas viagens ou em qualquer situação do dia a dia. Savia, sua plataforma de serviços de saúde digital, oferece um serviço de consultas e/ou chat médico durante 24 horas, todos os dias da semana.
Além disso, lançou MiA (MAPFRE Intelligent Assistance), solução de assistência 100% digital, multicanal e orientada ao cliente: una PWA (Progressive Web App) que não necessita fazer download e que permite administrar, de uma maneira rápida e simples, situações de emergência em viagem, incluindo serviços de vídeoconsulta, chat médico, bem como a visualização da rede médica disponível, entre outros.
“Na MAPFRE Asistencia evoluímos graças a nossa constante aposta pela inovação. Hoje somos capazes de estar mais perto de nossos partners e seus clientes graças às novas tecnologias. Proporcionamos soluções diferenciadoras, facilmente acessíveis, que geram a melhor experiência ao cliente”, comenta Irene García, subdiretora geral de Desenvolvimento de Negócio e Marketing da MAPFRE Asistencia.
MiA travel é posta em funcionamento com um simples código QR lido no celular do viajante e permite de uma maneira confiável solicitar uma vídeoconsulta para conhecer o diagnóstico, o reembolso da fatura do gasto farmacêutico gerado ou a geolocalização de farmácias e centros sanitários.
“Em telemedicina, é essencial ter partners especializados que procurem combinar saúde, bem-estar e viagem, empresas disruptivas e sólidas que proporcionem soluções tecnológicas de acompanhamento e que ofereçam um benefício a um amplo grupo. Estamos permanentemente identificando possíveis aliados estratégicos que nos permitam continuar evoluindo nos serviços oferecidos e enriquecer nossa proposta de valor com foco no cliente”, sustenta o subdiretor de Desenvolvimento de Negócio e Inovação da MAPFRE Asistencia, Javier Gómez.
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