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ECONOMIA| 11.12.2023

O seguro diante de um ambiente de riscos mutável: o que as seguradoras podem fazer?

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A pandemia, a mudança climática, o novo ambiente geopolítico, os ciberataques… A lista de novos riscos é cada vez mais longa, e representa um desafio para as seguradoras, especialmente se levarmos em conta que as perdas financeiras nestes casos superam em muito a capacidade de absorção das companhias.

Isto abriu uma brecha entre o que os ‘stakeholders’ esperam da indústria e o que as seguradoras podem realmente fazer, segundo indica The Geneva Association em seu relatório ‘The value of insurance in a changing risk landscape’.

“Com a pandemia de Covid-19, vimos a manifestação de um risco global e sistêmico que afetou muitas pessoas e negócios do mundo todo e ao mesmo tempo. Isso traz à luz uma dura realidade sobre a indústria do seguro e a sociedade: embora os seguros continuem sendo relevantes em uma ampla gama de riscos, há outros que são grandes demais em termos de perdas financeiras, como para que as seguradoras possam assumir sozinhas. Infelizmente, essa lista de grandes riscos não deixa de aumentar “, explica Jad Ariss, diretor geral da The Geneva Association.

As seguradoras foram tradicionalmente associadas à absorção do risco financeiro, mas à medida que os riscos escalam em complexidade, os clientes começam a buscar produtos que não sejam apenas uma rede de segurança. Por isso, a The Geneva Association realizou uma pesquisa que mostra as perspectivas dos seis grandes mercados seguradores: Estados Unidos, China, Reino Unido, Japão, França e Alemanha, com uma amostra representativa e composta por clientes particulares, grandes empresas e trabalhadores do setor.

Os resultados confirmam a importância da segurabilidade, ao mostrar aos entrevistados sua preocupação com a disponibilidade e o preço de certos tipos de cobertura, especialmente no que diz respeito à longevidade, catástrofes naturais e segurança cibernética: 70% menciona a possível dificuldade para conseguir um plano de aposentadoria, e 50% destaca a insuficiência das economias para a aposentadoria e os desastres naturais.

Além disso, os resultados sugerem que os serviços de risco adicionais têm um grande potencial, especialmente os relacionados com prevenção e assistência. Para clientes particulares, o preço continua sendo a chave na hora de escolher um seguro, e tudo indica que continuará sendo.

A importância da avaliação de riscos

A avaliação dos riscos torna-se particularmente importante neste contexto, especialmente na hora de enfrentar riscos sistêmicos, como a mudança climática, e intangíveis. Com relação a estes últimos, a organização identifica aqueles que levam em consideração a perda de reputação, a instabilidade sociopolítica e os riscos comuns de cibersegurança, como os vazamentos de dados.

“Espera-se que as seguradoras complementem sua proposta de valor com serviços de avaliação de riscos que apoiem a resiliência diante de catástrofes, por exemplo, informando sobre cenários que captem tanto o risco físico como de transição., assinala o relatório.

Com base em uma prévia avaliação de riscos, os serviços de predição desempenham um papel cada vez mais importante no setor de seguros. Estas previsões podem ajudar as empresas a tomar decisões mais precisas no que diz respeito ao preço e à estratégia de gestão de riscos, diante de processos que requerem complicadas fórmulas atuariais.

Além disso, o relatório insiste que os clientes se beneficiam diretamente destes serviços de predição no que diz respeito à segurança pessoal ou aos serviços de saúde. Não obstante, a falta de dados relacionados a desastres naturais e ciberataques dificulta essa previsão, como explica Ricardo González García, diretor de análise, estudos setoriais e regulação da MAPFRE Economics, no podcast Economics Café (Versão em espanhol).

“Há uma falta dados e limitações em modelos preditivos em eventos extraordinários que permitam calcular preços e reservas, sejam eles relacionados a riscos cibernéticos ou desastres naturais. Por enquanto, a solução dessas brechas continua sendo complexa e requer até colaborações públicas privadas “, explica González.

O que as seguradoras podem fazer?

Para que as seguradoras possam manter sua relevância social neste contexto, a The Geneva Association introduz três vias, que se unem ao seu papel ‘core’ de absorver o risco financeiro:

  • A oferta de serviços de riscos adicionais, como a avaliação, previsão, prevenção, mitigação, assistência e educação.
  • A oferta de produtos de riscos e de investimento que promovam um desenvolvimento sustentável.
  • Colaboração público-privada para abordar os riscos maiores e complexos enfrentados pelas sociedades modernas.

Além disso, a pesquisa realizada pela associação dá algumas pistas às seguradoras e sua relação com os clientes. Por exemplo, é preferível que as interações sejam pessoais em vez de virtuais, portanto, este ponto é fundamental para as companhias do setor.

“A conclusão para a indústria é clara: sua proposta de valor está mudando porque os riscos também estão fazendo isso. Os clientes e a sociedade veem com bons olhos que as seguradoras desempenham um papel que vai além do mero pagamento de sinistros, e há evidências de que o setor poderá cumprir com as expectativas “, comenta Ariss.

Para baixar o relatório completo, clique aqui

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