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ECONOMIA | 19.01.2021

Manuel Aguilera: “A recuperação depende de cinco fatores que já apresentavam vulnerabilidade antes da pandemia”

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“O processo de recuperação depende de cinco fatores que já mostravam vulnerabilidades pré-pandemia.” Foi assim que Manuel Aguilera, Diretor Geral da MAPFRE Economics, se manifestou no início do ato de apresentação do relatório Panorama econômico e setorial de 2021, no seminário on-line organizado pela Fundación MAPFRE, entidade responsável pela quinta edição do estudo.

Os cinco fatores de que depende o sucesso do processo de recuperação, na opinião da MAPFRE Economics, são os seguintes: a solidez dos sistemas de saúde e a eficácia dos diferentes tipos de vacinas, a eficiência alcançada com medidas de política econômica durante a pandemia, a estrutura setorial das economias, as vulnerabilidades econômicas estruturais prévias, e a governança e implementação da política econômica.

Gonzalo de Cadenas-Santiago, Diretor de Macroeconomia e Análise Financeira da MAPFRE Economics, e Ricardo González, Diretor de Análise, Estudos Setoriais e Regulação da entidade, aprofundaram a análise.

 

A Covid-19 altera o rumo das estimativas

Os especialistas explicaram, entre outros pontos, que, em 2021, as economias mais desenvolvidas serão as que mais contribuirão para a recuperação do PIB mundial, ao contrário do que vinha acontecendo, quando eram as economias emergentes que contribuíam mais. Houve, nesse sentido, uma mudança total de tendência provocada pela pandemia.

A MAPFRE Economics prevê que a economia mundial cresça aproximadamente 4,5% em 2021-2022, fortemente apoiada no desempenho dos mercados desenvolvidos, que capitalizarão o duplo impulso monetário e fiscal.

Na opinião da MAPFRE Economics, o caminho para o novo normal, orientado pela recuperação do consumo, exige a manutenção da ajuda sem precedentes da política monetária e fiscal.
Cadenas-Santiago explicou que estamos no ponto de virada para a recuperação, dentro da incerteza causada pelo vírus, e por isso o relatório estabelece, além do cenário base, outro mais preocupante. Ambos partilham um catalisador comum: contágio e restrições (negativo, no curto prazo) e vacinação (positiva, no longo prazo).

Além disso, a recuperação tem caráter duplo, com forte impacto nas expectativas e na atividade. Estima-se que os piores efeitos afetarão os países emergentes dedicados ao turismo e aos serviços. Além disso, o crescimento chegará em diferentes velocidades: a Espanha estará entre os mais atrasados entre os países desenvolvidos, um dos últimos no contexto da União Europeia. Não se acredita que a trajetória do primeiro trimestre de 2019, para o grupo de países, seja restaurada até ao final de 2021.

Incerteza em quatro grandes frentes

A análise mostra que a incerteza vem de quatro grandes eixos: epidemiológico, financeiro, econômico e geopolítico. A Covid-19 também deixa “cicatrizes enormes” em desequilíbrios pré-existentes.

2022: ausência de riscos desconhecidos

Na apresentação, também foi apresentado um mapeamento dos risco: os conhecidos-conhecidos, os conhecidos-desconhecidos e aqueles imprevisíveis, que não conseguimos antecipar.

As previsões apontam para duas faixas de crescimento para o PIB global: entre 5,2% em 2021 e 4,2% em 2022, no cenário de base, e, no cenário preocupante, entre 0,9% e 4,7%, respectivamente.

O setor de seguros sofre “menos do que em outras crises”

O retorno ao crescimento esperado a partir do segundo semestre deste ano será transferido para o setor de seguros, explicou Ricardo González, embora “a incerteza ainda seja grande, e a recuperação, desigual”.

Dois aspectos-chave vão influenciar a menor queda do setor em relação a crises passadas: as políticas monetárias expansivas dos bancos centrais (baixas de taxas de juro e numerosas medidas não convencionais) e as políticas fiscais expansivas (ajudas ao desemprego, grupos mais vulneráveis e comércio e empresas, projetos de infraestrutura e investimento etc.).

A recuperação do PIB em 2021 pode conduzir a uma recuperação do terreno perdido pelo setor, especialmente nos países emergentes, embora essa situação seja desigual nos diferentes mercados e linhas de negócio. Com a recuperação, antecipou González, surgem “oportunidades nos seguros de vida tipo investimento”. No entanto, alguns mercados, como o mexicano ou o brasileiro, sofrem quedas de prêmios em termos reais em 2021.

O relatório retoma a opinião da IAIS e da EIOPA, principais agentes de supervisão, que salientam “a resiliência das entidades seguradoras, tanto no nível financeiro como no operacional, durante a crise”, embora ambas concordem com a “persistência de incertezas sobre o panorama futuro”.

Clara Bazán, Diretora da Área de Seguro e Previdência Social da Fundación MAPFRE, moderou a sessão, da qual participaram ouvintes de mais de 20 países. O evento cobriu os três grandes aspectos do relatório de perspectiva do centro de pesquisa da MAPFRE: panorama geral da crise, características do ambiente econômico previsto para 2021, com previsões das principais variáveis, e panorama estimado para o setor de seguros.

> Consulte o gráfico interativo sobre a resposta institucional à crise da COVID-19 e os efeitos no crescimento esperado aqui