ECONOMIA| 26.04.2023
Dos Estados Unidos às Filipinas: estas são as previsões da MAPFRE Economics
MAPFRE Economics, o Serviço de Estudos da MAPFRE, publicou recentemente o relatório “Panorama econômico e setorial 2023: perspectivas para o segundo trimestre”, editado pela Fundación MAPFRE. Este estudo prevê uma melhoria no crescimento global de 0,7 pontos percentuais, com a previsão para este ano em 1,7%, em comparação com o 1% previsto no início do ano. No entanto, cada país tem suas próprias circunstâncias específicas e há muita variedade de um país para outro.
Estas são as previsões por países da MAPFRE Economics para 2023:
Estados Unidos
A previsão de crescimento para os Estados Unidos é de 1%, embora o país entraria em recessão no primeiro trimestre de 2024. De fato, a desaceleração já é observada em muitos setores. O consumo não diminuiu, ainda mais porque as famílias continuam usando sua capacidade de crédito e a poupança acumulada durante a pandemia. Entretanto, as condições de financiamento mais restritivas se manifestarão nos próximos trimestres nos níveis de consumo, que é precisamente o efeito buscado pela Reserva Federal (FED) para conter a inflação.
Os riscos para a economia dos Estados Unidos agora estão concentrados nas preocupações com o setor bancário, embora a Reserva Federal e o Tesouro já tenham se comprometido com o fornecimento da liquidez necessária. Além disso, a rigidez monetária, por seu próprio mecanismo de transmissão, será refletida em uma restrição do crédito bancário, o que, por sua vez, levará a uma desaceleração econômica.
China
Durante 2023, espera-se um restabelecimento da normalidade com um forte impulso do consumo, originado pela demanda reprimida e pelas economias acumuladas, enquanto a inflação está muito mais sob controle. A previsão de crescimento é de 5,1% para 2023 e de 4,9% para o ano seguinte.
A atividade econômica está sendo retomada, mas a China tem muitas incertezas que deve gerenciar. A primeira delas é geopolítica, porque as tensões com os Estados Unidos aumentam em relação à questão de Taiwan, mas não é a única. O projeto de infraestruturas Belt & Road tem como objetivo conectar a “fábrica chinesa” com o resto do mundo e reduzir a dependência dos Estados Unidos como mercado. Além disso, no campo econômico, a China mantém os riscos vinculados ao setor imobiliário que, se não forem bem administrados, podem afetar o setor financeiro.
Alemanha
A MAPFRE Economics prevê uma desaceleração para a Alemanha nos próximos trimestres, especialmente no consumo, devido à perda de poder de compra e às condições financeiras mais rígidas. Estima-se uma contração do PIB no segundo e terceiro trimestres, embora menor do que o esperado há alguns meses, resultando em uma recessão breve e pouco profunda. Assim, para 2023, a Alemanha registraria um crescimento plano, isto é, um aumento de 0% no PIB.
A inflação continua em níveis altos, situando-se em 7,4% no mês de março, devido aos altos custos da energia que reduzem a competitividade de sua indústria e condições financeiras mais rígidas. As expectativas de moderação da inflação estão desaparecendo à medida que aumentam no tempo os altos custos da energia e a inflação começa com os efeitos da segunda rodada (aumento de salários e incremento de preços generalizado nos produtos).
Espanha
A previsão de crescimento para a Espanha é de 1,7% para 2023 em comparação com o 1% previsto no início do ano, uma melhoria impulsionada pela moderação dos custos da energia e pela normalização das cadeias de produção. A Espanha não registraria contração em nenhum trimestre graças à recuperação das exportações líquidas e a um razoável comportamento do consumo apesar da inflação e altos custos financeiros, o que também levaria a superar neste ano o nível de produção anterior à pandemia.
O estudo aponta que a Espanha se encontra relativamente melhor do que outras economias europeias. A inflação, embora se beneficie de efeitos de base, não sofrerá uma atenuação mais definitiva até que o problema da energia seja resolvido, enquanto os custos financeiros mais altos também podem eventualmente repercutir nos preços de bens e serviços.
Itália
A MAPFRE Economics também melhorou a previsão para a Itália, que atinge 0,8% em 2023, graças a uma melhoria dos indicadores como o da produção industrial, vendas no varejo e confiança do consumidor, entre outros.
Do lado dos riscos, a saúde do setor bancário será um ponto a ser observado, assim como o rendimento dos títulos públicos. Estes caíram por terem atuado como refúgio para o dinheiro que fugia da renda variável, beneficiando os custos de financiamento do governo no médio prazo. No entanto, se os níveis atuais continuarem por muito tempo, as renovações serão afetadas gradualmente.
Reino Unido
A previsão é de que o Reino Unido entre em recessão em 2023 a partir do início do ano, devido a quedas no consumo e à contenção de gastos do governo, deixando o crescimento do PIB plano para o resto do ano. No ano seguinte, apesar de todas as incertezas, o Serviço de Estudos da MAPFRE estima uma recuperação com um crescimento de 1,6%.
A inflação continuará sendo moderada nos próximos trimestres, embora los efeitos da segunda rodada e da manutenção dos altos custos da energia dificultem a redução tão rápida quanto o previsto. Isto é agravado pela escassez de alguns produtos alimentares, como consequência dos custos de energia, custos dos fertilizantes e dificuldades logísticas relacionadas ao Brexit.
Japão
O Japão experimentará um crescimento fraco durante este ano, com uma previsão de 1,1%, o mesmo que para 2024. O primeiro trimestre será especialmente débil, embora se recupere ao longo do ano. Ao mesmo tempo, a inflação está decolando, alcançando 3,3% em fevereiro, a mais alta desde o início da década de 1980.
O principal risco de curto prazo para a economia japonesa é a pressão sobre a taxa de câmbio, dada a política monetária contracorrente e a enorme expansão monetária que teve lugar nos últimos 15 anos. Como riscos adicionais, está a manutenção dos altos custos das matérias-primas, agravada por um iene fraco, e uma desaceleração do consumo nos países de destino das exportações.
Turquia
A economia da Turquia entrou em uma dinâmica de desaceleração que levará a um crescimento de 1,6% em 2023, mais fraco do que nos anos anteriores. Em 2024, o crescimento será de 2%. Por sua vez, a inflação na Turquia continua sendo moderada e ficou em 50,5% em março, saindo de um máximo de 85,5% em outubro.
O impacto do terremoto sobre a produção, o consumo, o emprego e as expectativas está sendo avaliado pelas autoridades. Embora se espere que o terremoto afete a atividade econômica no curto prazo, prevê-se que não terá impacto negativo permanente na economia turca no médio prazo. A contribuição das receitas do turismo para o saldo da conta corrente, mais forte que o previsto, permanece em 2023.
México
O México cumpriu as expectativas anteriores de crescimento e espera-se que o crescimento esteja em 1,2% para este ano e em 1,5% para 2024. A inflação está diminuindo, embora mais lentamente do que o previsto.
Entre os principais riscos de curto prazo para a economia mexicana se encontra uma possível recessão nos Estados Unidos, que contagiaria o México através das exportações, tanto no setor automobilístico quanto no de materiais de construção. O processo de desinflação está custando mais do que o esperado e a política monetária restritiva continuarão afetando os custos de financiamento, o consumo e o investimento. Não entanto, a economia mexicana pode se beneficiar da relocalização das cadeias de produção das multinacionais americanas.
Brasil
A economia brasileira apresentou um comportamento muito melhor do que o esperado em 2022 e, para 2023, espera-se um crescimento de 1,8%. A reabertura da China e uma boa temporada agrícola oferecerão algum apoio ao desempenho da economia brasileira, embora contraída por um consumo privado e público em desaceleração.
O estudo identifica vários riscos de curto prazo para o Brasil. Por exemplo, chama a atenção as pressões inflacionárias que ainda são observadas a nível mundial e os preços das matérias-primas exportadas pelo Brasil, que podem sofrer uma queda nos preços. Além disso, a economia mundial pode sofrer uma desaceleração mais acentuada do que a prevista neste momento, e o restabelecimento de impostos que foram reduzidos durante os confinamentos.
Argentina
O ano de 2023 continuará sendo difícil para a economia argentina, com uma inflação esperada acima de 102%, de acordo com a pesquisa de expectativas do banco central, e uma moeda que continuará desvalorizada, devido ao crescimento da base monetária pela entrada de dinheiro de órgãos multilaterais (FMI e Banco Interamericano de Desenvolvimento).
Assim, a previsão da MAPFRE Economics é de uma contração de 0,7% do PIB. Estima-se que apenas a seca acontecida no setor agrícola seja responsável por pelo menos 2,1 pontos percentuais a menos do PIB, afetando as receitas da população e as receitas fiscais do governo. Este setor também é importante na obtenção das divisas necessárias para o bom funcionamento do resto da economia.
Indonésia
Para os próximos trimestres, espera-se um enfraquecimento dos níveis de atividade econômica, devido à ausência de subvenções ao combustível e ao efeito da inflação, resultando em um crescimento de 4,3% em 2023 e de 5,4% no ano seguinte. Além disso, também se espera um consumo e um nível de exportações mais fraco.
Os riscos para a economia indonésia podem resultar de uma desaceleração econômica mundial, que afete os preços do óleo de palma e o carvão, suas principais exportações. O aumento das taxas de juros da dívida externa em dólares é um desafio para todos os países emergentes na hora de renovar essas emissões de dívida, e uma instabilidade nos mercados internacionais de financiamento seria um desafio para a Indonésia.
Filipinas
A economia filipina desacelerará em 2023 para um crescimento de 5% e 5,2% no ano seguinte, após o crescimento de 7,6% experimentado pelo país em 2022. Esse enfraquecimento se deve principalmente às tensões na inflação e às condições financeiras mais rígidas.
Em termos de riscos de curto prazo para a economia filipina, o principal é a inflação que, por enquanto, aparenta estar em fase de aceleração. Os termos de intercâmbio vêm piorando há anos, com o preço das exportações crescendo menos do que os das importações. Do lado positivo, é preciso reconhecer o alto crescimento econômico sustentado da economia filipina, embora em 2023 apresente uma certa desaceleração.
ARTIGOS RELACIONADOS: