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ECONOMIA| 27.04.2021

¿Por que os mexicanos recebem as pensões mais baixas da América Latina?

O futuro das pensões é um dos maiores desafios das sociedades nas próximas décadas. A preocupação da sociedade mexicana com a previdência social não para crescer. E não é para menos: os homens e as mulheres mexicanas têm as taxas de substituição (porcentagem da pensão de aposentadoria com relação ao valor do último salário recebido) mais baixas da América Latina. A opinião dos especialistas é categórica: o nível de conhecimento dos consumidores sobre os produtos de economia e aposentadoria não corresponde à gravidade da situação.

Devido ao aumento progressivo da expectativa de vida, vamos usufruir da aposentadoria por períodos cada vez mais longos. Essa que é sem dúvida uma boa notícia, também representará a necessidade de contar com uma economia maior, que sustente o montante das pensões. Neste sentido, há um debate global sobre a forma como os sistemas de pensões podem ser reformulados para que se tornem mais sustentáveis a longo prazo. E o México está no centro dessa discussão na América Latina, já que os homens e as mulheres mexicanas têm as menores taxas de substituição da região.

Por isso, os governos precisam abrir espaço para a reflexão sobre a implementação de medidas deem visibilidade a eles. Essas são algumas das conclusões do relatório Sistemas de pensões em uma perspectiva global, apresentado pela MAPFRE Economics e editado pela Fundación MAPFRE. O estudo, que analisa minuciosamente os sistemas de pensões de 11 países, afirma que “é indispensável avançar o quanto antes com uma reformulação dos sistemas de pensões de aposentadoria que ofereça sustentabilidade e estabilidade a longo prazo (e, consequentemente, maior equidade)”.

 

Os mexicanos têm dificuldade de manter o seu nível de vida depois da aposentadoria

Um trabalhador mexicano com contribuições mínimas receberá no final da sua vida profissional uma pensão que representará cerca de 30% do seu último salário, um valor muito aquém do recomendado. Os especialistas estimam que a parcela do Produto Interno Bruto (PIB) do México dedicada às pensões públicas passe de 3% para 6% no ano de 2030.

O México está entre os países da OCDE que destinam a menor porcentagem dos salários às aposentadorias, de acordo com dados da Comissão Nacional do Sistema de Economia para a Aposentadoria (CONSAR). Isso significa que, se as economias não forem complementadas com outras medidas, as pensões de aposentadoria dos mexicanos não serão suficientes para manter um nível de vida semelhante ao que têm quando estão na ativa.

Mulheres mexicanas estão em situação ainda pior

As mulheres mexicanas receberão apenas 29% do seu último salário, segundo indica um relatório da Fundación MAPFRE. Se compararmos com outros países da América Latina, a diferença mais drástica está nos Chile, onde a diferença entre gêneros é de 15 pontos percentuais. No Chile, os homens chegarão à aposentadoria com uma taxa de substituição de 46,3%, enquanto chegarão com apenas 31%.

Na Argentina, país com a maior taxa de substituição, a diferença entre homens e mulheres é de 8 pontos percentuais: no dia da aposentadoria, será definida para os homens uma pensão de 89,6% do seu último salário, enquanto a pensão das mulheres será de 81%.

 

Em análise: as contribuições

Muitos especialistas apontam para a necessidade urgente de aumentar a taxa de contribuição no México, que atualmente é de apenas de 6,5% do salário do trabalhador, a mais baixa da região. Na Argentina, por exemplo, os trabalhadores contribuem com 27% do salário.

José María Romero Lora, CEO da MAPFRE no México e LATAM Norte, explica que um dos grandes desafios relacionados às políticas públicas é incluir mais de 50% dos mexicanos que se encontram na informalidade, par aos quais a taxa de substituição não é baixa, mas sim inexistente.

Considerando também o envelhecimento da população mexicana, Romero Lora acredita ser necessário aumentar a idade de aposentadoria para 70 anos, bem como a contribuição obrigatória dos trabalhadores. Assim, a taxa de contribuição teria de passar dos atuais 6,5% para 16% do salário, que é a média dos países membros da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômicos (OCDE).

 

Um debate global 

Nas últimas décadas, tem sido observado em sociedades de todo o mundo um padrão demográfico marcado pelo aumento da expectativa de vida e pela redução da taxa de natalidade. Essa tendência se reflete nas pirâmides populacionais das sociedades em todo o planeta, que estão cada vez mais envelhecidas.

Esse fenômeno fica evidente em muitos aspectos da organização social e econômica. Infelizmente, um dos mais afetados é o sistema de pensões. “A longevidade, juntamente com a materialização de outros riscos de natureza econômica e financeira, tem afetado significativamente as despesas com pensões, levando à necessidade de continuar avançando na reforma desses sistemas, a fim de que se tornem sustentáveis a longo prazo e, com isso, preservem um dos pilares mais importantes da organização social atual”, explica o relatório Sistemas de pensões da MAPFRE Economics.

Entre as medidas recomendadas por esse relatório, destacam-se:

  • Incentivos à economia voluntária e maior transparência para os trabalhadores no cálculo das pensões
  • Incentivos fiscais para as empresas
  • Regulamentação e definição de órgãos para apoiar a transparência na administração e no pagamento dos recursos
  • Incorporação de tecnologias e órgãos que facilitem a assessoria e as contribuições voluntárias