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ECONOMIA| 12.01.2023

A MAPFRE Economics reduz suas previsões de crescimento global de 2,7% para 2% em 2023

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O enfraquecimento da atividade econômica confirma a entrada em um período de estagnação global. A eurozona enfrentará uma severa contração no primeiro trimestre de 2023 com uma forte queda da indústria. O Serviço de Estudos da MAPFRE estima que 2023 pode trazer novas oportunidades para o setor de seguros.

A MAPFRE Economics, o Serviço de Estudos da MAPFRE, espera que o crescimento mundial desacelere em 2023 até 2%, sete décimos menos do que o previsto em outubro do ano passado. A queda confirma, segundo os especialistas, a entrada em um período de estagflação global caracterizado por um fraco crescimento econômico e ainda altas pressões inflacionárias, o qual se prolongará ao menos até 2024, quando o crescimento do PIB se elevará até 2,7%. Espera-se uma reconfiguração dos fatores de risco onde a falta de oferta pelas disrupções nas cadeias de fornecimento será substituída por um menor dinamismo no mercado profissional e uma contração da demanda como consequência da alta das taxas de juros.

O relatório Panorama Econômico e Setorial 2023 assegura que a eurozona sofrerá uma contração econômica em 2023, começando a partir do primeiro trimestre. Teme-se que a indústria europeia caia em declive se não se conseguir resolver a crise energética, pois os investidores poderiam buscar países com energia mais barata. Além disso, existe o risco de que a contração econômica se agrave pela postura monetária do Banco Central Europeu (BCE). Estes problemas fazem com que, no cômputo anual para 2023, as previsões da região caiam até -0,1% frente a 0,0% do relatório anterior. O país mais afetado da região será a Alemanha, com uma contração anual de -0,9% devido à desaceleração no consumo, uma menor produção industrial e uma queda nas exportações.

A Espanha será das poucas economias europeias que se salvará da recessão apesar de que haverá uma pequena contração nos primeiros meses do ano. Os especialistas acreditam que o PIB ficará em 1,0% em 2023, quatro décimos a mais que o previsto em outubro de 2022. De acordo com Gonzalo de Cadenas-Santiago, diretor de análise macroeconômica e financeira da MAPFRE Economics, a melhora deve-se às ajudas fiscais que se ativaram e aos ainda assumíveis custos financeiros. Por outro lado, espera-se um aumento para 2024 de 2,1%. Apesar destas projeções, a perspectiva é que o BCE siga endurecendo a política monetária, o que poderia acarretar uma redução do consumo por perda de poder aquisitivo e a contração do crédito.

Enquanto a Europa enfrenta perspectivas sombrias, a Ásia se lança como um foco de contribuição para o crescimento global. Prevê-se que a China voltará a recuperar um ritmo de crescimento um pouco mais alto em 2023 (4,8%) uma vez concluída a política de Covid zero. A Indonésia e o Japão também crescerão esse ano 4,5% e 1,1%, respectivamente. Mais além desta região, os Estados Unidos também evitarão a contração da sua economia com um aumento do PIB de 0,1%. No entanto, isto dependerá de como reage o investimento, o mercado imobiliário e o mercado profissional, às condições de financiamento mais caras. De Cadeias-Santiago considera que a economia norte-americana enfrenta dois riscos latentes: uma recessão provocada pelo endurecimento das condições financeiras e uma crise de liquidez nos mercados similar ao de ‘repos’ de 2019, quando a Reserva Federal teve de intervir.

Impacto no setor segurador

Como é habitual, o relatório inclui uma análise de como afetará o ambiente econômico no desempenho do setor segurador. Os especialistas da MAPFRE consideram que o mercado enfrentará maiores dificuldades em 2023 para o desenvolvimento do negócio, em particular nos países emergentes, após um ano em que o setor de Não Vida registrou crescimentos significativos. O endurecimento da política monetária com maiores taxas de juros continuará impulsionando o negócio dos seguros de Vida vinculados à poupança, compensando ao menos parcialmente o efeito negativo da deterioração econômica sobre o negócio segurador.

Em particular, estima-se que 2023 pode trazer novas oportunidades nas aplicaçõs financeiras do setor à medida que o ano avance. De acordo com Ricardo González, diretor de Análise, Estudos Setoriais e Regulação da MAPFRE Economics, o efeito negativo sobre os balanços das entidades seguradoras pela alta de tipos nos títulos e pelo desempenho da renda variável foi absorvido pelos altos níveis de solvência que apresenta o setor segurador, e continua melhorando o ambiente para o negócio dos seguros de Vida poupança e rendas vitalícias tradicionais com garantias de taxas de juros. Também melhora o panorama quanto à rentabilidade futura das carteiras de investimentos, utilizada pelo setor segurador para complementar sua rentabilidade técnica, tendo em conta a posição privilegiada das entidades seguradoras quanto a sua elevada liquidez e reduzido nível de alavancagem, pelas características próprias de seu modelo de negócio.