ECONOMIA| 27.10.2021
MAPFRE Economics descarta a estagflação, mas reduz as previsões de crescimento
Diminui em três décimos as previsões da economia espanhola para este ano, para até 5,7%, com uma inflação média de 2,7%. Vê o aumento dos preços como um fenômeno persistente, mas não permanente, e que não alterará a política dos bancos centrais. Reconhece um ambiente de maior tensão sobre os preços de consumo a nível global, mas especialmente entre os países emergentes.
MAPFRE Economics, o Serviço de Estudos da MAPFRE, revisou para baixo as expectativas de crescimento da economia mundial, para até 5,9% este ano, em um ambiente de maiores tensões sobre os preços de consumo em todo o mundo, mas especialmente nos países emergentes. Conforme indicam os especialistas, no informe “Panorama Econômico e Setorial 2021: perspectivas para o quarto trimestre”, a conjuntura global enfrenta vários choques que estão tendo um efeito maior do que o estimado na economia: as disrupções de oferta derivadas do dano causado pela Covid-19 sobre as cadeias de valor global, especialmente em indústrias de componentes; a aceleração da inflação como resultado do anterior unido ao aumento da demanda global e a restrições energéticas; e a desaceleração da China.
No caso da Espanha, reduziu em três décimos as previsões para este ano, de 6% para 5,7%, enquanto melhorou as do ano que vem, dos 6% anteriores para 6,2%. Esse maior otimismo para 2022 deve-se “ao desdobramento dos projetos associados ao programa europeu NGEU que apoiará a recuperação da atividade”, explicam os economistas. Consideram que os riscos aumentaram perante os próximos trimestres, “especialmente a inflação (estimam que o IPC finalize o ano com uma média de 2,7% este ano) pelo aumento da conta de energia devido ao aumento do gás, da eletricidade e dos combustíveis”.
Para a eurozona, o MAPFRE Economics aumentou a previsão de crescimento para este ano em cinco décimos, até 5%, graças ao melhor comportamento registrado tanto no segundo como no terceiro trimestre. No entanto, diminui as do exercício que vem em dois décimos, para 4,3%. “Com as altas taxas de vacinação na Europa, acreditamos que os níveis de restrições continuarão reduzindo, e esperamos que o desdobramento dos fundos NGEU tenham um efeito multiplicador e duradouro na economia mediante reformas estruturais e investimento em infraestrutura”, explicam.
Do outro lado do Atlântico, a economia dos EUA experimentará um leve freio pelas tensões detectadas na cadeia de fornecimento. “Os engarrafamentos no transporte são o maior ponto de tensão, mas a limitada capacidade de sobra da produção nacional, os baixos inventários, o forte aumento dos custos dos insumos (mais agudo no caso das matérias-primas) e os desafios trabalhistas estão dificultando cada vez mais que a oferta se mantenha no ritmo da demanda”, salientam. Isto leva os especialistas a reduzirem sua estimativa em oito décimos para este ano, de 6,6% para 5,8% e outros dois décimos para 2022, de 4,5% para 4,3%.
Apesar de que a maior incerteza vem da China. No momento, o serviço de Estudios reduziu em quatro décimos as previsões para 2021, para até 8%, e outros três para 2022, para até 5,4%, apesar de que tudo depende de como seja “a desaceleração do investimento no setor imobiliário e de construção, já que este representa 20% do PIB (com todas as ramificações no emprego, materiais de construção, transporte, energia e bancos)”. Na opinião dos especialistas, uma desaceleração de 10% neste setor tiraria 2 pontos percentuais de crescimento. “É de se esperar que nas condições atuais haja um endurecimento das condições de financiamento ao promotor em geral. Evergrande será resgatada, por sua dimensão sistêmica”, acrescentam.
Inflação persistente, não permanente
“A inflação é persistente, mas não permanente”, assegura a MAPFRE Economics. “Ainda que transitória (a inflação), demorará mais a diluir-se em relação ao antecipado por todos há um ano. Mas não alterará o ‘forward guidance’ dos bancos centrais globais e, portanto, não veremos um tropeção monetário financeiro como o do ‘taper tantrum’ de 2013 ou o deslize de política monetária do BCE de 2011”, indicam.
O efeito da inflação sobre a renda disponível e, portanto, sobre o consumo, ver-se-á em parte compensado pela economia liberada “graças à melhora generalizada das expectativas pós-covid e à redução das restrições”.
O serviço de Estudos da MAPFRE descarta que a economia vá para um cenário de estancamento econômico ao mesmo tempo que persiste a alta dos preços, isto é, o que se conhece como estagflação, mesmo em seu cenário mais pessimista.
Impacto no setor de seguros
Na Espanha, o setor de seguros segue mostrando importantes crescimentos tanto nos seguros de Não Vida como nos de Vida, apesar de que nestes últimos é ainda destacável o efeito base encontrando-se ainda longe de alcançar o nível pré-crise. A renda variável começa a mostrar-se como uma alternativa para proteger-se contra o ambiente de baixas taxas de juros e o aumento da inflação, o que está favorecendo o desenvolvimento de produtos de seguros de Vida em que o tomador assume o risco do investimento que vão cobrando importância ampliando-se o leque de produtos lançados no mercado. O setor de Não Vida nunca chegou a perder o nível anterior à crise e está mostrando crescimentos significativos em termos interanuais, no fio da recuperação do crescimento econômico (salvo algumas linhas pontuais de negócio).
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Nos vídeos a seguir, Ricardo González, Diretor de Análise, Estudos Setoriais e Regulação e Gonzalo de Cadenas-Santiago, Diretor de Macroeconomia e Análise Financeira da MAPFRE ECONOMICS, resumem a parte setorial e macroeconômica do Relatório.