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ECONOMIA| 21.06.2024

Geopolítica e taxas de juros, fundamentais para a economia global

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Os conflitos geopolíticos, as eleições nos Estados Unidos e a evolução das taxas de juros são os principais fatores para entender como a economia global se comportará em 2024. É uma das principais conclusões de Gonzalo de Cadenas-Santiago, subdiretor da MAPFRE Economics, em uma mesa de análise realizada no âmbito do Fórum Econômico de Solunion.

Nesse fórum, realizado recentemente em Madri e do qual Ludovic Subran, economista-chefe da Allianz, também participou, foi destacada a evolução positiva da Espanha em comparação com outros países da União Europeia, apoiada por certos pontos fortes temporários que impulsionam a economia espanhola, como os fundos europeus Next Generation, a saúde do sistema financeiro ou o mix setorial espanhol, especialmente ligado a uma revolução energética previsível que poderia estar ligada ao setor industrial.

A Espanha “parece estar evitando a forte desaceleração que outros países da região estão sofrendo”, disse Gonzalo de Cadenas-Santiago, com previsão de aumento do crescimento, próximo a 2%, e inflação sob controle em torno de 3%. Além disso, a posição financeira de suas empresas é, em geral, sólida, com margens que, embora tenham diminuído pelo aumento dos custos, são menos afetadas que em outros países europeus. Por enquanto, não houve um grande aumento no risco de não pagamento nem de inadimplência, embora o refinanciamento das empresas seja um aspecto fundamental para 2025.

A geopolítica, um tema central na agenda

Entre os diferentes focos de atenção para a economia, a geopolítica e a governança ocupam um espaço de destaque. Os conflitos abertos durante os últimos meses e anos, que continuam sem uma aparente resolução no curto prazo, e as eleições para a presidência dos Estados Unidos, dão magnitude à incerteza sobre a evolução da economia e trazem instabilidade ao quadro geopolítico e econômico global e, mais concretamente, no âmbito comercial.

Os especialistas da MAPFRE Economics e da Allianz também concordam que se deveria avançar em direção à normalização da política monetária. A inflação deve ser mantida afastada, pelo custo que tem para as empresas e por seu efeito a nível social, especialmente para as famílias mais vulneráveis. Entretanto, com a normalização observada nesse indicador, os cortes nas taxas de juros parecem iminentes, com o BCE assumindo a liderança (em junho) em relação ao Banco Central (em setembro, segundo os economistas). “Não estamos voltando à inflação permanente, mesmo que os níveis sejam altos. Achamos que as taxas serão reduzidas em junho “, comentou Gonzalo de Cadenas-Santiago.

Para a Europa, especificamente, os analistas acrescentaram o desafio da diferença de crescimento econômico com os Estados Unidos e o continente europeu, com uma desvantagem de 30%. Entre os fatores que explicam esta distância estão uma melhor política fiscal e orçamentária no país norte-americano, com melhor gestão do investimento. Também certa falta de fortalecimento do sistema financeiro europeu, a carência de um balanço positivo em energia ou a necessidade de abordar temas de competitividade nas indústrias e empresas europeias.

A luta contra a mudança climática também é o terceiro elemento no qual os analistas estão mais concentrados este ano. O auge de um movimento que nega a existência deste fenômeno está freando o avanço necessário para uma economia mais verde, propondo não seguir esta linha para “não entrar nas decisões dos lares e dos indivíduos”.

Boa evolução dos emergentes e da América Latina

Em uma linha igualmente positiva se encontram os mercados emergentes, resilientes durante os últimos quatro anos. Em 2020 foi injetado muito dinheiro no sistema, mas não foi o caso destes países, o que levou a que surgissem dúvidas sobre sua evolução, como foi o caso do Brasil. No entanto, tiveram um bom comportamento e administraram muito bem a política monetária, especialmente em comparação com o ocorrido em outras situações de crise. Sua política fiscal foi mais organizada.

Menção especial merece a América Latina. Nos últimos dois anos, foram recebidas surpresas muito positivas desta região, com um crescimento modesto, mas ciclicamente positivo. Foi registrada pouca volatilidade nominal e em taxas de câmbio, e com fluxos financeiros consideráveis. O desafio da região está agora no aumento da produtividade e em um crescimento sustentado no longo prazo, especialmente para os países que enfrentam problemas de dívida que devem refinanciar.

 

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