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ECONOMIA| 23.05.2022

Como as taxas de juros afetam à economia familiar?

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A tendência ascendente do Euribor que estamos observando nos últimos tempos afeta o aumento das taxas de juros que têm impacto nas hipotecas e, em consequência, em nossa economia. Se você está prestes a comprar uma casa ou já tem uma hipoteca, neste artigo explicaremos os conceitos chave que precisa conhecer e como afetam nosso bolso.

Se já você possui uma hipoteca com taxa de juros mista ou variável, possivelmente esteja muito mais familiarizado com estes termos e, em geral, com o impacto das taxas de juros. No entanto, estas também são determinantes para outros efeitos nas economias. Conhecer as taxas de juros não apenas pode ajudar com as hipotecas, como também o ajudará a planejar melhor quaisquer de seus empréstimos ou outras decisões financeiras que decida enfrentar.

Que são as taxas de juros?

Neste artigo, começaremos explicando este conceito que nos permitirá entender a dinâmica financeira:  as taxas de juros. Da mesma forma que você paga para comprar um celular ou para ter acesso aos serviços de uma operadora telefônica, o dinheiro também tem um preço. Um custo que é indicado pelo tipo de juro pago pelo empréstimo e que geralmente é uma porcentagem deste capital emprestado. É preciso acrescentar, ainda, a margem que costuma ser aplicada pelas entidades.

As taxas de juros mais fáceis de identificar são as das hipotecas e dos empréstimos. Por exemplo, quando assinamos uma hipoteca, o preço deste empréstimo será marcado precisamente pela taxa de juros e, quanto maior ela seja, mais caro resultará conseguir a quantia necessária para realizar a compra.

Aqueles que atualmente têm uma hipoteca temem que a situação atual possa tornar seus empréstimos mais caros e, da mesma maneira, quem se prepara para investir no setor imobiliário está atento aos movimentos dos bancos, o que poderia modificar suas ofertas em função dos movimentos realizados por instituições monetárias como o Banco Central Europeu (BCE) que, neste caso, é o órgão regulador da taxa de juros oficial da Zona do Euro, isto é, do “preço do dinheiro”.

Taxas de juros em hipotecas: fixas, variáveis ou mistas

Como mencionado acima, existem diferentes taxas de juros. A seguir, explicamos as diferenças entre as taxas de juros fixas, variáveis e mistas, para que você saiba diferenciá-las antes de ir a um banco.

A maioria das hipotecas contratadas na Espanha são com taxa de juros variável, embora exista outras duas modalidades, a fixa e a mista. Esta última é recomendada em casos muito específicos.

Começaremos falando das taxas de juros fixas, isto é quando uma taxa fixa comum é utilizada, permitindo a estabilidade do juro no longo prazo. Em resumo, se você tomar emprestados 500 euros e a taxa é de 3%, os juros sobre o capital emprestado serão sempre 15 euros durante todo o período estabelecido. Esta modalidade de taxa de juros costuma ser um pouco mais elevada do que a da taxa de juros variável, porque representa um risco maior para a entidade.

A taxa de juros variável pode ser encontrada na grande maioria das hipotecas, e ao contrário que a taxa de juros fixa, costuma variar ao longo do período. Isto implica que o tipo do empréstimo variará com o tempo segundo a evolução de seu índice de referência, o Euribor, sobre o qual falaremos mais tarde.

Uma hipoteca de tipo misto é aquela que combina a taxa de juros fixa e a taxa de juros variável. Como indica seu nome, durante os primeiros anos do prazo, a taxa de juros aplicada é fixa e, portanto, as parcelas a serem pagas serão sempre iguais. Para o resto do prazo, a taxa de juros passa a ser do tipo variável e seu valor dependerá do aumento ou da queda do Euribor.

Este tipo de hipotecas são interessantes se o Euribor mantém uma tendência de queda ou de estabilização em valores negativos durante um grande intervalo de tempo (como aconteceu nos últimos anos e até o início de 2022). O principal problema associado a estes produtos é a impossibilidade de prever o comportamento do Euribor daqui a 10 anos ou mais. De maneira que esta opção não é uma alternativa para aqueles que preferem pagar parcelas estáveis e sem surpresas no futuro.

O que determina a taxa de juros?

Os bancos centrais de cada território são a instituição que determina as taxas de juros nessas regiões. É o Banco Central Europeu (BCE), no caso da Espanha, quem fixa o preço oficial do dinheiro, como faz para todos os países da Zona do Euro e como o Banco da Inglaterra para o Reino Unido ou a Reserva Federal para os Estados Unidos.

Em consequência, as taxas de juros do BCE estabelecem o preço de compra e venda do dinheiro na Zona do Euro. Sua evolução é chave para a maioria dos produtos financeiros, como os empréstimos ou depósitos. Quando as taxas de juros são baixas, o retorno dos depósitos será limitado e, se as taxas subirem, aumentará. Isto mesmo acontece com empréstimos e hipotecas. Se as taxas de juros forem baixas, o custo do financiamento também tenderá a ser baixo. No caso das hipotecas, o motivo é que o Euribor evolui em forma paralela às taxas de juros, porque estão correlacionados.

E por que estão relacionadas com o Euribor?

Para entender como estão correlacionadas, é preciso compreender o funcionamento do Euribor. O índice Euribor é calculado partindo dos preços de oferta dos empréstimos interbancários entre as principais entidades europeias com máxima qualidade de crédito.

Assim, para simplificar, se a taxa de juros do BCE é o preço ao qual o BCE empresta dinheiro aos bancos e o Euribor é o preço ao qual os bancos emprestam uns aos outros, é fácil entender por que os dois estão intimamente relacionados. Em geral, o Euribor costuma estar acima das taxas de juros do BCE quando acredita que estas podem subir e, por baixo, quando estima que cairão ou que permanecerão estáveis.

 

Que relação existe entre a inflação e as taxas de juros?

O objetivo do banco central, e de todos em geral, costuma ser a consecução de uma inflação moderada. É a maneira de fazer crescer a economia, estimulando o consumo e possibilitando o pagamento de dívidas. Até agora, para poder garantir esta situação, o BCE tinha mantido taxas de juros bastante baixas. No entanto, uma das consequências da invasão à Ucrânia por parte da Rússia é um aumento da inflação, como salientávamos em nosso último artigo sobre como economizar em contextos em que aumenta.

Com o atual cenário geopolítico, levanta-se a questão de se esta escalada da inflação pode afetar, por sua vez, as taxas de juros. Este fato teria um impacto direto nas hipotecas, tanto nas atuais quanto nas assinadas de agora em diante, mas também afetaria outros produtos financeiros.

Quando as taxas de juros sobem, a inflação tende a cair. Em resumo, isto se deve ao fato de que a política monetária e os aumentos das taxas de juros são utilizados como meio para controlar a inflação e frear o aumento dos preços. De fato, os bancos centrais já originaram uma mudança brusca para políticas mais agressivas, com os primeiros movimentos em alta e a retirada gradativa de liquidez dos mercados.

Uma queda nas taxas de juros penaliza a economia e promove o investimento, o que favorece pessoas que desejam solicitar empréstimos ou hipotecas, assim como aquelas que já os têm e estão com taxas de juros variáveis. Se nos colocarmos na situação oposta, a do aumento das taxas de juros, isso beneficia os economizadores e financiadores, isto é, aqueles que buscam economizar em vez de investir. Uma época em que é melhor optar por títulos públicos, emprestar dinheiro a uma empresa ou adquirir produtos da economia com remunerações fixas.

Portanto, o aumento das taxas de juros afeta o comportamento dos atores, pois eles pensam mais na hora de solicitar um crédito e estes são imprescindíveis no funcionamento da economia, porque precisamos deles para obter matérias primas, montar negócios, etc.

 

Como as variações nas taxas de juros afetam nossa economia?

Como mencionamos anteriormente, o conflito na Ucrânia tem muitas consequências e entre elas estão as econômicas. As economias mundiais se preparam para estas consequências e, devido ao cenário da crescente inflação, é lógico nos perguntarmos como afetará nossos bolsos este aumento.

Há algumas semanas, a Reserva Federal dos Estados Unidos aprovou o primeiro aumento de taxas de juros desde 2018 com o objetivo de conter a inflação. A inflação e o aumento generalizado dos preços se tornaram uma das principais preocupações dos cidadãos. O IPC, o índice de preços ao consumidor, subiu para 7,4% em fevereiro, sua taxa mais alta desde 1989.

Acrescente à delicada situação da economia europeia, que ainda está se recuperando do coronavírus, a proximidade do conflito e a dependência energética da Rússia, e você terá uma situação muito mais sensível do que a dos EUA. Apesar deste contexto, a presidente do BCE afirmou que o aumento das taxas de juros está cada vez mais perto. Entre as principais consequências, veremos:

  • Empréstimos mais caros: a consequência mais óbvia do aumento das taxas de juros é que os empréstimos se tornarão mais caros. Em outras palavras, o cidadão terá que pagar mais pela mesma quantia de dinheiro, como explicamos acima com os exemplos das hipotecas.

  • Moderação da inflação: como mencionamos acima, a razão para aumentar as taxas de juros é controlar a inflação. O objetivo do BCE é que a taxa de inflação esteja em 2% a médio prazo. Se levarmos em conta o primeiro ponto, empréstimos mais caros significam que os bancos obstaculizam o acesso ao crédito, o que desestimula o consumo e melhora a inflação.

  • Queda na criação de empregos: apesar de que o aumento das taxas de juros busca estabilizar a economia, também costuma originar a desaceleração do crescimento. Se a economia não cresce e o acesso ao crédito for restrito, isto pode levar a uma queda na criação de empregos e a um aumento do desemprego.

  • Promover e incentivar a economia: todos os pontos acima tendem a incentivar os consumidores a economizar mais dinheiro. Foi justamente durante a pandemia que a economia doméstica disparou, pois muitos cidadãos decidiram, diante da incerteza, economizar seu dinheiro. Se neste contexto de incerteza você também prefere incentivar a economia, em nosso último artigo explicamos algumas maneiras de evitar que seu dinheiro perca valor.

A situação nos leva a concluir que, além do aumento geral do custo de produtos e serviços, como eletricidade ou gasolina, haverá também um aumento no custo do dinheiro emprestado, ou seja, empréstimos, hipotecas ou cartões de crédito. A importância das taxas de juros em nossa economia familiar é evidente, por isso é importante estar atentos a possíveis mudanças no mercado, bem como estar informados para poder tomar as melhores decisões financeiras.

 

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