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ECONOMIA| 13.05.2024

Como um cenário internacional mais complicado afeta o setor segurador?

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Um mundo mais complexo nas relações entre países e blocos, uma tendência observada há anos, tem grandes implicações tanto econômicas como nas diferentes ameaças enfrentadas por governos e empresas. O setor dos seguros pode ser afetado por este cenário em matérias como os riscos políticos ou a cooperação global, além do próprio negócio.

A MAPFRE Economics, o centro de estudos econômicos da MAPFRE, publicou seu relatório Ambiente de riscos 2024-2026, no qual analisa o panorama geopolítico e socioeconômico internacional, as dinâmicas que geram tensão nesses âmbitos e qual está sendo a resposta diante deles.

Entre as principais tendências globais que a MAPFRE Economics identifica como riscos estão:

  • Os mercados energéticos, com um aumento dos preços do gás e do petróleo motivados pelos conflitos da Ucrânia e do Oriente Médio.
  • A inflação, motivada pelo encarecimento da energia, mas também por outras causas como a guerra comercial iniciada nos tempos da Administração Trump e que contribuiu para a complexidade do cenário econômico internacional.
  • O aumento do endividamento a nível global, com os riscos que acarreta de liquidez no sistema financeiro e de solvência pública e privada; e uma alta avaliação de alguns ativos que alcançou “excessos”, especialmente em renda variável.
  • As políticas econômicas, que tentam conjugar aspectos como a política monetária restritiva com os estímulos ou o acesso ao crédito. Isto é, afirmam na MAPFRE Economics, um risco econômico com grandes implicações sociais e políticas.
  • A tensão financeiro-imobiliária na China, de importância a nível mundial pelo enorme peso da economia deste país.
  • A mudança climática e seus riscos associados, não apenas os eventos climáticos extremos, mas também a transição energética e seu impacto na competitividade.
  • Os conflitos geopolíticos, um risco que cresceu muito acima do restante desde 2019, segundo o Fórum Econômico Mundial (WEF). Suas ramificações são incontáveis, e chegam ao plano econômico, político, social, de governança… A Ucrânia e Gaza são apenas dois exemplos de uma longa lista que inclui a luta China-EE. EUA e as retóricas que enfrentam o Ocidente e o Sul global.

Essa dinâmica influencia e condiciona os agentes econômicos em todo o mundo e em vários setores. A MAPFRE Economics aponta cinco maneiras pelas quais a geopolítica pode afetar o setor de seguros e que estão “remodelando o cenário de riscos seguráveis”.

  1. Impacto econômico

As tensões geopolíticas levam à fragmentação da economia, com consequências como as disputas comerciais ou a interrupção das cadeias de suprimentos globais, o que “deve resultar em menor crescimento da atividade econômica”, acredita a MAPFRE Economics. Isso impactaria negativamente no crescimento dos prêmios de seguros, “fortemente interligados com os níveis de crescimento do PIB”.

Além disso, o acesso a certos mercados pode se tornar mais difícil, afetando a capacidade das seguradoras para a diversificação de riscos. Do mesmo modo, a tendência para a desglobalização também impulsiona a inflação, o que pode ter implicações negativas nos custos e na adequação das reservas por perdas.

  1. Riscos políticos

Um cenário geopolítico mais tensionado representa tanto riscos como oportunidades para o seguro, afetando particularmente o seguro por violência política. Por exemplo, as seguradoras se retiraram de mercados como a Ucrânia e reduziram a cobertura em regiões de risco, como Israel e Taiwan. Pelo contrário, a demanda de seguro aumentou em outras partes do mundo, onde houve oportunidades de crescimento para o setor.

  1. Fragmentação legal e regulatória

Se as economias divergem, impulsionadas por mudanças motivadas pela segurança nacional, as companhias enfrentam uma maior incerteza política devido a sistemas legais mais díspares. Esta fragmentação legal e regulatória pode limitar as possibilidades de subscrição e investimento dos seguradores, expô-los a riscos de cumprimento e de reputação, e complicar suas estratégias de internacionalização.

  1. Reestruturação das cadeias de fornecimento.

As tensões geopolíticas podem dar lugar a mudanças nos fluxos econômicos internacionais. Embora alguns países possam se beneficiar da transferência de empresas para outros países e, com isso, de seus setores de seguros (com o aumento dos prêmios de seguros comerciais), a replicação de cadeias de suprimentos inteiras “pode ser proibitivamente cara e colocar pressão sobre as empresas e os governos”, adverte o relatório da MAPFRE Economics.

  1. Diminuição da cooperação global

Os confrontos geopolíticos dificultam esforços colaborativos globais que são essenciais e necessários para abordar ameaças críticas, como a mudança climática, a segurança energética, a saúde e os riscos cibernéticos. Por exemplo, isso poderia prejudicar a transição verde e, potencialmente, se transformar em uma “guerra fria verde”, em que blocos de países com ideias semelhantes se unem em diferentes abordagens e aspirações em relação à energia e à tecnologia verdes, impactando o papel das seguradoras no apoio a esses projetos.

“Este conjunto de possíveis efeitos dos riscos geopolíticos na indústria seguradora destaca a importância de adaptar-se a uma paisagem global cada vez mais fragmentada e incerta, exigindo que os seguradores inovem e reavaliem suas estratégias em resposta a estes desafios emergentes”, afirma Gonzalo de Cadenas-Santiago, diretor de Análise Macroeconômica e Financeira.

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