CORPORATIVO| 12.12.2022
“Um propósito, um projeto, um vínculo emocional, sentir que seu trabalho tem um propósito… Isto é o que envolve as pessoas hoje”
Há alguns anos, mas não muitos, um bom salário, benefícios sociais ou estabilidade eram algumas das exigências mais comuns feitas pelas pessoas ao entrar no mercado de trabalho ou na hora de mudar de empresa. Mas a pandemia alterou essa abordagem. Ou talvez não tenha sido a pandemia, mas algo que estava se formando antes e que a pandemia trouxe à tona ou fez emergir de forma mais acentuada e rápida.
Hoje, a incorporação em projetos interessantes, em empresas com propósitos e valores, o sentimento de ser útil e que o que se faz no trabalho tem significado é o que motiva os funcionários e o que eles exigem. Isto é o que os profissionais de hoje pedem às empresas e isso é o que os motiva a fazer parte de um projeto ou mudar rapidamente para outro.
Vivemos em uma realidade em que o grande desafio que enfrentamos é a gestão da incerteza. Não reconhecer isto é contestar uma realidade que se apresentou a nós de uma forma que ninguém podia imaginar. Há mais de dois anos, voltamos para casa com a ameaça de uma pandemia. Nenhum de nós tinha experimentado algo semelhante. Não sabíamos quando retornaríamos aos escritórios. Começamos a trabalhar e nos relacionar de forma massivamente remota. Mas estávamos prontos para isto? Todas as empresas fizeram isso. Não houve escolha (em um mês, 90% do quadro de funcionários trabalhava remotamente). Acredito que o nível de preparação de cada empresa era diferente, também em função do setor de atuação… Mas uma realidade foi colocada sobre a mesa e hoje, alguns anos depois, tem um peso inquestionável: flexibilidade, confiança e responsabilidade bidirecional entre empresa e funcionário e vice-versa.
E são precisamente estas características que definem as novas formas de trabalho e o que todas as pessoas, independentemente da idade, estão exigindo. Talvez porque isto facilita o crescimento e desenvolvimento profissional e pessoal. E porque são exigências cada vez mais importantes na hora de atrair e reter o talento, porque é importante lembrar que dentro das organizações há muito talento, que deve ser aproveitado, e que demanda conciliação e tempo para a vida privada.
Dispor de um projeto atraente, interessante, que permita o desenvolvimento profissional e que motive o funcionário a dizer “sim” é uma condição sine qua non nos dias de hoje. O salário ou os benefícios sociais são importantes, mas é algo que é tomado como garantido. Isto é algo que, em maior ou menor grau, todas as empresas oferecem. O que torna uma empresa diferente de outra é o resto. É sua cultura empresarial, seu propósito, seu senso social. A cultura empresarial é o pilar que continua acionando o mecanismo de qualquer corporação, mas a maneira de transmiti-la e senti-la é diferente do que era há alguns anos. Por esta razão, a necessidade de um elo emocional, especialmente quando parte do quadro de funcionários trabalha de maneira remota, é essencial.
Hoje, um projeto emocionante é exigido, empresas com propósito, valores, identificação com o que quero fazer… E esta exigência é comum a todas as gerações.
Trabalhar em projetos globais do país de origem ou em projetos de outro negócio ou de áreas diferentes para a qual você foi alocado torna possível compartilhar e incorporar novos conhecimentos. Equipes autônomas e multidisciplinares possibilitam conhecer outros pontos de vista pelo simples feito de serem vistas com outra perspectiva, mesmo que apenas seja geograficamente, outras idades… É esta diversidade que acrescenta valor ao trabalho, que enriquece os projetos e também os funcionários, tanto pessoal quanto profissionalmente.
Estas características que definem a nova forma de trabalho não são estáticas. Trata-se de um processo em contínua evolução, em que os líderes das equipes assumem um papel muito importante, pois esta figura também mudou. O líder deve ser o unificador e facilitador do trabalho de suas equipes. Errar não é sinônimo de fracasso. Tentativa e erro são ferramentas e meios para continuar avançando. A autonomia dos membros de uma equipe é alcançada com confiança na equipe e no líder, e esta confiança se traduz em autogestão. É precisamente o líder que reúne uma equipe, que cuida e atrai o talento, que possibilita e facilita o crescimento de todos os integrantes.
É preciso aprender todos os dias e também aprender a desaprender o que aprendemos, porque já não é mais útil. A burocracia é contrária ao que as pessoas exigem hoje nas empresas. Elas demandam imediatismo, agilidade, algo que as empresas também devem aprender a gerenciar e devem aprender rapidamente. Aprender todos, empresa e funcionários, em um contexto totalmente diferente daquele que tivemos até agora.
É precisamente nesta nova realidade em que o funcionário se torna, agora e verdadeiramente, dono de sua carreira profissional. Esta capacidade de autoaprendizagem assume maior importância em momentos como o atual. A empresa deve fornecer os meios para que a pessoa aprenda os conhecimentos de seu posto para seu desenvolvimento, mas é ela quem decide o que quer aprender. Autoaprendizagem. Esta é, provavelmente, uma das grandes mudanças na última década no campo dos recursos humanos. Cada um desenvolve seu talento e a empresa deve conhecer todo esse talento e identificá-lo. Esta gestão permitirá à empresa oferecer aos funcionários novos desafios.
Uma nova tendência também está começando a surgir: funcionários que mudam de empresa não porque estejam infelizes, mas porque encontram um projeto empolgante em outra empresa e sentem vontade de fazê-lo. E eles querem ter a oportunidade de retornar à empresa. Esta dinâmica que está começando agora pode não ser tão rara no futuro e pode até beneficiar tanto as empresas quanto os funcionários. Eles incorporam novas habilidades e conhecimentos, e as empresas se beneficiam desse novo talento adquirido em outra empresa. Hoje é incipiente… Mas quem sabe?
A velocidade e a mudança de paradigma que estamos experimentando na maneira como trabalhamos são muito mais rápidas do que foram as mudanças no passado. Esta é a nossa realidade. A maneira como as equipes são gerenciadas mudou, a forma de trabalhar também, as exigências dos funcionários e seus interesses já não são mais os mesmos. Senso de propósito e agilidade para nos adaptar a estas mudanças são de suma importância para todos. Isto é o que envolve as pessoas hoje para se incorporarem a uma empresa e esta realidade é imparável.