COMPROMISSO| 30.06.2021
Ela Segura, projeto brasileiro que apoiará milhares de mulheres
Ana Fontes
Ana Fontes é empreendedora social, fundadora da RME e do Instituto RME, Delegada Líder BR W20/G20, eleita uma das 20 mais poderosas do Brasil pela Forbes BR 2019 e Top Voices LinkedIn 2020.
A Covid-19 agravou a situação de mulheres em situação de vulnerabilidade social, vítimas do desemprego e de agressões físicas e morais.
Em parceria com o Instituto Rede Mulher Empreendedora, a Fundación MAPFRE capacitará 50 mil mulheres em todo o Brasil, fomentando o empreendedorismo e a empregabilidade no País. A ação será uma das beneficiadas pelos 10 milhões de euros que a fundação destinará este ano à América Latina para a redução dos impactos da pandemia na região.
Sempre me perguntam por que devemos ajudar, apoiar, respaldar e criar condições estruturais, sociais, financeiras e profissionais dignas para as mulheres.
Bem, há muitas razões e motivos. Mas aqui, neste espaço cedido pela MAPFRE, quero destacar algumas importantes, relacionadas diretamente com o dia a dia de milhões de mulheres brasileiras.
Como mulher, é claro, tenho razões pessoais para desenvolver ações e programas que incentivem a inclusão social feminina. E como cidadã, principalmente, minhas razões vão muito além. São sobre elas que quero falar aqui.
Em primeiro lugar, devemos entender por que as mulheres foram e são as mais afetadas pela Covid. Além da alta taxa de desemprego geral, a participação da mulher no mercado de trabalho no país caiu ao menor índice nos últimos 30 anos.
Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), no último trimestre de 2020 as mulheres representavam menos de 45% da força ativa de trabalho. Antes da pandemia, a média superava os 50%.
Embora a crise tenha afetado diversos setores produtivos, os segmentos mais castigados foram os de serviços, como hotelaria, alimentação, beleza e serviços domésticos, postos ocupados em sua maioria por mulheres. Daí o impacto tão forte no desemprego feminino.
Infelizmente o cenário piora muito mais quando olhamos a vida familiar das mulheres no país. Uma pesquisa realizada e divulgada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública revelou a deterioração social em que vive a mulher brasileira, agravada pela pandemia da covid-19. O ponto central e mais grave é a violência.
Nos últimos 12 meses, uma em cada quatro mulheres de 16 anos ou mais sofreu algum tipo de agressão no Brasil. Ou seja, mais de 17 milhões de mulheres vítimas de agressões físicas, insultos, humilhações e xingamentos, tanto no ambiente familiar quanto no profissional.
Em sete de cada dez casos, o agressor era conhecido da vítima – cerca de 45% causado por marido, companheiro ou ex, o que revela a prevalência da violência doméstica e intrafamiliar. Quando olhamos a desigualdade racial, há mais um dado alarmante no estudo: as mulheres pretas e pardas são as principais vítimas da violência no Brasil – 53%.
Tudo isso me leva a apoiar, auxiliar, respaldar e criar condições sociais, financeiras e profissionais justas para as mulheres em vulnerabilidade social.
Como mulher nordestina, de origem negra e criada na periferia, trabalho há mais de dez anos a favor dessas causas à frente da Rede Mulher Empreendedora e por meio de programas e projetos desenvolvidos em parceria com a iniciativa privada.
Uma dessas iniciativas e o Ela Segura, nosso novo programa de capacitação feminina em parceria com a Fundación MAPFRE. Queremos capacitar cerca de 50 mil mulheres em todo o Brasil, no prazo de um ano, com foco no empreendedorismo e na empregabilidade.
Além disso, parte dessas mulheres receberá auxílio alimentação por seis meses e capital semente para estruturar ou iniciar um novo negócio. O Ela Segura é, sem dúvida, um dos projetos mais robustos e completos que temos em nosso instituto.
Quer saber mais? Visite o site do IRME e o site do Ela Segura.